• Carregando...
Casillas vai de bicicleta para o campo de treino no CT do Caju. Poupado, goleiro fica na reserva hoje | Daniel Castellano e Jonathan Campos
Casillas vai de bicicleta para o campo de treino no CT do Caju. Poupado, goleiro fica na reserva hoje| Foto: Daniel Castellano e Jonathan Campos

O jogo

Sem astro, Austrália busca 1.ª vitória ‘asiática’ na Copa

Mesmo sem o artilheiro Tim Cahill, a Austrália acredita que é possível bater a atual campeão do mundo Espanha na Arena da Baixada. Apesar de geograficamente estar na Oceania, o país compete pela Confederação Asiática de Futebol, cujos representantes ainda não venceram nenhum jogo na Copa.

Com cinco gols – dois deles marcados em gramados brasileiros –, Cahill é o maior artilheiro dos socceroos em Copas. Mas levou dois cartões amarelos e está fora do jogo em Curitiba. O técnico Ange Posteglocou não confirmou quem irá substituí-lo, mas disse ser possível buscar a vitória mesmo sem seu astro. "Isso abre espaço para os outros jogadores e queremos vencer o jogo", garantiu.

A Austrália busca melhorar o desempenho dos representantes da Ásia. Segundo Postecoglou, os asiáticos precisam se inspirar em exemplos desta Copa. "Vimos nações africanas [Gana] e da América Central [Costa Rica] obtendo sucesso. Queremos voltar daqui quatro anos e causar surpresa", projetou.

Hoje, a Austrália está na frente da Espanha pelo critério saldo de gols (-3 ante -6) e um empate garantirá a simbólica terceira posição do grupo B do Mundial.

  • Australianos treinaram no Couto Pereira

Antes de a Copa começar, qualquer critério – técnico, financeiro, analítico – apontava o duelo de hoje entre Espanha e Austrália, às 13 horas, na Arena da Baixada, como o mais desigual. Quanto aos australianos, a previsão se confirmou: apesar do grande jogo contra a Holanda, duas derrotas e eliminação. O vexame espanhol é que não estava no script e colocou os atuais campeões em último lugar no grupo B por causa do saldo de gols inferior. Ou seja, a 62.ª seleção do ranking da Fifa joga pelo empate diante da primeira para superá-la na classificação final.

INFOGRÁFICO: Veja o desempenho dos campeões mundiais nas copas seguintes

A diferença é gritante. La Roja chegou ocupando a ponta da lista, com 1.485 pontos – e confirmou a "maldição" de o país nesta posição nunca conquistar o título. A Austrália tem apenas 526, atrás de todas as outras seleções na competição e muitas que nem vieram, como Panamá, Armênia, Usbequistão, Cabo Verde, Guiné, Serra Leoa ou Burkina Faso.

O valor de mercado somado dos 23 espanhóis é o maior do torneio: R$ 1,66 bilhão, segundo o site Transfermarket. Os australianos valem R$ 56,9 milhões – apenas acima dos hondurenhos (R$ 56,3 milhões). Para se ter ideia, 13 jogadores de La Roja sozinhos estão acima: Iniesta, Fàbregas, Busquets, Sergio Ramos, David Silva, Juan Mata, Javi Martínez, Piqué, Diego Costa, Koke, Cazorla, Pedro e Alba.

Nada disso impediu a Espanha de ser goleada por 5 a 1 pela Holanda e perder por 2 a 0 do Chile sem muita reação, enquanto os socceroos fizeram jogos equilibrados com chilenos (1 a 3) e holandeses (2 a 3). "Os jogadores espanhóis são todos campeões e é um orgulho nos compararmos aos melhores do mundo", diz o técnico da Austrália, Ange Postecoglou, mesmo que se apegando ao desempenho pífio dos adversários de hoje. Os australianos pouco ligam e se despedem em clima de descontração e missão cumprida.

Do outro lado, se a luta pelo bicampeonato não deu à Espanha a intensidade necessária para as partidas anteriores, é difícil imaginar que se motive para um "amistoso". Porém o técnico Vicente del Bosque não deixa de tentar. "Não podemos mais nos classificar, mas é jogo de Copa e foi isso que disse a meus jogadores", contou, se vendo às voltas com ambiente pesado e alguns insatisfeitos, como Fàbregas, que colocou apenas 12 minutos para jogar até agora. Hoje pretende dar chance a todos que ainda não entraram em campo.

Se não ganhar, Espanha será a pior campeã

A Espanha se juntou a Itália (1950 e 2010), Brasil (1966) e França (2002) no grupo dos campeões mundiais eliminados na primeira fase da Copa seguinte. Mas o vexame pode ser ainda maior. Caso não vença a também eliminada Aus­­trália hoje, às 13 horas, na Arena da Baixada, La Roja passará a ter pior campanha entre eles.

O indesejado posto por enquanto é da seleção francesa. Quatro anos após conquistar seu único titulo mundial, em 1998, quando jogou em casa, não contou com Zidane, lesionado, nos dois primeiros jogos da Copa do Japão e da Coreia do Sul – derrota por 1 a 0 para Senegal e o empate por 0 a 0 com o Uruguai. O craque até voltou para o duelo com a Dinamarca, mas, fora da melhor forma física, não evitou a derrota por 2 a 0. Pela primeira vez os campeões saíam sem vencer nenhum jogo e, pior, sem marcar um único gol.

Aquela França acabou em último lugar no grupo e em 28º entre as 32 seleções participantes. Mas, com um ponto e saldo de três gols negativos, terá campanha superior à Espanha de 2014 se o time de Vicente del Bosque não ganhar dos australianos. Perder todos os jogos é inédito para quem defende o título. Na hipótese de empate, a campanha ficaria semelhante à dos franceses, mas com saldo de seis gols negativos – após as derrotas de 5 a 1 para a Holanda e 2 a 0 para o Chile.

A péssima participação da Espanha no Brasil confirmou uma tendência recente: foi a terceira campeã eliminada na primeira fase dos últimos quatro Mundiais. Em 2010 a Itália também ficou pelo caminho – após empates com Paraguai e Nova Zelândia e derrota para a Eslováquia. No período, apenas a seleção brasileira de 2006 avançou até ser eliminada pela França nas quartas de final.

Antes o caso clássico de defensor do título eliminado precocemente era o Brasil de 1966. Os bicampeões tiveram uma preparação tumultuada para a Copa da Inglaterra e caíram após vitória sobre a Bulgária na estreia e derrotas na sequência para Hun­­gria e Portugal. A Itália de 1950 conta apenas para efeito estatístico, porque a Segunda Guerra Mundial fez a Copa voltar a ser disputada apenas 12 anos após o título de 1938.

Como torcem

Espanhois

Telões são armados para a torcida acompanhar os jogos. A cerveja é a bebida que impera. No prato, tortilla, as tapas (petiscos) e o jamón (tipo de presunto) acompanham a confraternização. Nas vitórias, é comum que todos vão para algum ponto central nas cidades maiores.

Australianos

Têm fama de festeiros e bagunceiros. Herdaram muitas características dos ingleses, como o hábito de assistir aos jogos em pubs, regando a gritaria com cerveja. Não há dispensa do trabalho. Há quem vá assistir o jogo do escritório.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]