Caminho
Na escalada de Felipão, Brasil tem subida mais difícil
Felipão trata a conquista da Copa como uma escada de sete degraus. E há 32 anos o mundo não tem um campeão com tanta dificuldade na escalada. A seleção brasileira entra nas quartas de final com duas vitórias e dois empates. O último time a chegar tão mal à quinta partida e terminar campeão foi a Itália, em 1982. A Azzurra enfrentou o Brasil de Telê por uma vaga na semifinal com uma vitória e três empates. Ganhou por 3 a 2, depois bateu Polônia e Alemanha para ficar com a taça. Desde então, quatro seleções que seriam campeãs entraram nas quartas com três vitórias e um empate (Argentina-86, Alemanha-90, Brasil-94 e Itália-2006). A Espanha de 2010 ganhou três jogos, mas perdeu um. Em 2002, o Brasil de Felipão ganhou os sete, único campeão com tal marca. Quatro anos antes, a França vinha de quatro vitórias quando precisou ir aos pênaltis contra a Itália para avançar à semifinal.
Brasil e Colômbia traíram o DNA do seu futebol para chegar às quartas de final da Copa 2014. A obsessão pela posse de bola e as longas trocas de passe, marcas das duas escolas, foram deixadas de lado. Prevalece um jogo traiçoeiro, em que se induz o adversário a ter a ilusão de que controla as ações, para então tomar-lhe a bola e atacar seu gol de maneira rápida e mortal.
Confira as escalações para Brasil e Colômbia e o pitaco tático para a partida
Os seis gols brasileiros no Mundial com bola rolando nasceram de batidas de carteira. Bolas tomadas no campo inimigo que em menos de cinco segundos acabaram na rede. O Brasil lidera as estatísticas de desarmes (105), tem o maior "ladrão" no campo ofensivo (Oscar, 23 abordagens bem-sucedidas) e o terceiro maior recuperador de bola (Luiz Gustavo, 34). Tem, ainda, elevado índice de finalizações: 17,5/jogo, quatro acima da média do torneio.
Um estilo de desarme e ataque que cobra seu preço. O meio-campo virou um buraco negro porque a bola simplesmente não para ali. Oscar tem o quinto pior passe do time. Os quatro defensores e o volante Luiz Gustavo, suspenso, são os que mais dão passes. Em regra, esticadas buscando diretamente o ataque. Entre as quadrifinalistas, a seleção brasileira é a segunda que menos dá passe curto (79%), a terceira que mais dá passe longo (15%) e a que mais busca cruzamentos (6%).
"É sempre preciso acreditar no Brasil, tem um grande futebol, mas temos de jogar nosso jogo. Seja qual for a escalação, manter o espírito que temos demonstrado. Jogar de forma equilibrada, responsável, sempre pensando em marcar gols", disse o técnico José Pekerman, da Colômbia.
Embora seja de uma escola de posse de bola, que ajudou a moldar o estilo colombiano, Pekerman também concebeu um time que foge a essa característica. A greve do futebol argentino no fim dos anos 40 levou muitos jogadores para a Colômbia, disseminando o apreço pela bola de pé em pé. Marca que atingiu a máxima expressão com a geração de Valderrama e Rincón. Nada mais distante do jogo de James Rodríguez e Juan Cuadrado.
A Colômbia da Copa tem 45,9% de posse de bola. Somente oito seleções têm índice menor. Com a bola no pé, os colombianos erram mais do que os demais sobreviventes do Mundial. De cada dez toques, sete chegam ao destino final.
Índice de erro que faz o time jogar pouco no campo ofensivo. Mantém a bola por lá em 24% do tempo. Mas quando está perto do gol, é mortal. O segundo melhor ataque do Mundial precisou de 46 finalizações para balançar a rede 11 vezes: um em cada quatro arremates. O Brasil precisa chutar quase nove vezes.
Precisão calibrada pelo meio de campo. Os colombianos que atuam neste setor são mais presentes nos gols do time do que os brasileiros. Rodríguez é o artilheiro da Copa, com cinco gols, Cuadrado anotou outro. Oito assistências saíram dos pés de meio-campistas. Na seleção anfitriã, o meio produziu três assistências e um gol.
"A Colômbia quer jogar e isso ajuda a nossa seleção. É botar na cabeça que quando estivermos sendo pressionados, não podemos tomar o gol. Em dois, três minutos a gente vai ter a bola e a chance de matar o jogo", diz o zagueiro Thiago Silva.
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