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Rodrigo Paiva (de blazer) conversa com Felipão e Parreira: agindo nos meandros da seleção | Marcelo Regua/ Reuters
Rodrigo Paiva (de blazer) conversa com Felipão e Parreira: agindo nos meandros da seleção| Foto: Marcelo Regua/ Reuters

Treinamento

Felipão começa a ‘tratar’ as dores de cabeça

O técnico Luiz Felipe Scolari começa hoje a enfrentar a série de problemas que afligem a seleção brasileira. Na sexta-feira, o Brasil enfrenta a Colômbia pelas quartas de final da Copa.

Durante a tarde, a equipe faz o seu primeiro treinamento para outro confronto decisivo. Ontem, apenas os reservas realizaram uma atividade na Granja Comary. Os demais fizeram trabalho regenerativo – Neymar, com dores no joelho direito e na coxa esquerda recebeu tratamento, mas não preocupa.

Felipão possui dúvidas. A questão imediata é encontrar um substituto para o volante Luiz Gustavo, suspenso.

Há diversas possibilidades. O zagueiro Henrique, homem de confiança de Scolari, pode ser improvisado. Caso isso aconteça, Fernandinho seria mantido na função que roubou de Paulinho, como segundo volante. Ramires e Hernanes são opções. "Na convocação [para a Copa] fui colocado como primeiro volante. Joguei assim na Inglaterra, na temporada passada, pelo Manchester City. Não será segredo. Se o Felipão optar por outro, não tem problema", analisa Fernandinho.

A escolha é fundamental, pois o ponto forte do adversário está justamente no setor. Atuam pelo meio de campo James Rodríguez, artilheiro do Mundial com 5 gols, e Cuadrado. Scolari precisa resolver ainda a falta de criação, considerando que Oscar não tem sido ser o ‘cérebro’ do time.

Outra dor de cabeça para o treinador está nas laterais. Daniel Alves e Marcelo não têm jogado bem. O primeiro pode perder a titularidade para a entrada de Maicon – mexida já testada na semana passada.

Outro descontentamento de Felipão está no ataque. Fred e, principalmente, Hulk, não estão agradando. Neste caso, a solução é mais complicada e Willian é a principal alternativa.

Figura importante nos bastidores da seleção brasileira, Rodrigo Paiva ganhou ontem os holofotes ao ser punido pela Fifa. Um episódio de agressão que em nada abala o prestígio do diretor de Comunicação da CBF, há 12 anos no cargo e "costa quente" de sobra.

De acordo com a Fifa, Paiva desferiu um soco no atacante Pinilla, do Chile, no intervalo do confronto de sábado, no Mineirão. Por causa disso, o brasileiro não poderá exercer sua função nas quartas de final com a Colômbia. O atleta chileno protestou via Twitter: "Uma partida para Rodrigo Paiva? Vergonha. Deveriam banir esse delinquente disfarçado. Não pode vir qualquer imbecil agredir um jogador", escreveu.

O caso vai bem além das aparências – como é o teor do trabalho do diretor, desenvolvido nas "sombras". Começou na semana do duelo sul-americano. Por duas vezes, Paiva rechaçou repórteres chilenos nas entrevistas coletivas, orientado pela comissão técnica. Na segunda, reagiu irado a uma questão sobre arbitragem: "Esse tema soa até ridículo".

A confusão, entretanto, surgiu no gramado, quando o atacante Fred deu um ‘tapinha’ no zagueiro Gary Medel. O desentendimento alcançou os corredores do estádio e acabou generalizado. Na zona mista após a classificação sofrida, Paiva chamou de ‘empurra-empurra’.

Ontem, preferiu se pronunciar por nota oficial. "Respeito, como sempre respeitei, as decisões da Fifa. O caso está sendo investigado pelo Comitê Disciplinar da entidade, e o mesmo já tem à sua disposição provas da conduta reprovável por parte de membros da delegação chilena."

O ato de violência, na avaliação da Fifa, surpreende quem conhece intimamente o protagonista. "Não acreditei quando soube da notícia, pois o Rodrigo é muito tranquilo. Não reage nem quando é provocado", diz Renato Gaúcho.

O ex-jogador e técnico viu Paiva iniciar no ramo, em 1990, no Flamengo. "Ele era remador do clube e nós demos uma força pra ele", relembra. Renato foi ainda parceiro de ‘farras’. Em 2005, numa entrevista para a revista Trip, Paiva revelou que os dois eram o ‘terror’ do Rio de Janeiro.

Em 1999, o diretor de Comunicação passou a assessorar Ronaldo. E por indicação do Fenômeno foi contratado por Ricardo Teixeira, presidente da CBF, antes do Mundial do Japão e da Coreia do Sul, em 2002. Aos poucos, tornou-se braço direito do todo-poderoso do futebol brasileiro por 23 anos.

Paiva é um arquivo vivo e, graças à proximidade com o chefão, sobreviveu no posto quando o cartola-mor se afastou da organização, em 2012, acusado de corrupção. Mas saiu em seguida do Comitê Organizador Local (COL) do Mundial, que também foi presidido por Teixeira.

O relacionamento do carioca com o atual mandatário, José Maria Marín, é estritamente profissional – o dirigente possui um assessor próprio, Douglas De Felice. Não se sabe se permanecerá a partir de 2015, com Marco Polo Del Nero no comando.

No ambiente da seleção, Paiva é um conciliador. Sabe desviar dos inúmeros pedidos dos jornalistas sem desagradar a ninguém. Exibe a mesma desenvoltura atuando na guerra de interesses dos grandes veículos de mídia.

"Ele é igualmente fácil e difícil de lidar. O Rodrigo é incapaz de ser grosseiro com alguém, mas sabe controlar muito bem tudo o que acontece dentro da seleção", diz um repórter na cobertura do Brasil desde 2000, que pediu para não ser identificado.

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