Futuro
Apesar da derrota, Argélia comemora legado
Franco-atiradora, a Argélia surpreendeu ontem e ganhou a torcida, assim como já havia feito contra a Coreia do Sul, quando, também em Porto Alegre, venceu por 4 a 2. No clichê esportivo, caiu de pé.
"Ficamos decepcionados [em não classificar]. Faltou um gol no primeiro tempo, quando criamos mais oportunidades", disse o zagueiro Bouguerra, um dos destaques da equipe que começou o jogo entre os reservas.
Alterar a escalação foi, mais uma vez, a estratégia do técnico Vahid Halilhodzic para tentar surpreender os alemães. Foram cinco em relação ao último jogo. Os africanos se fixaram na defesa e apostaram nos contra-ataques velozes. Pararam em Neuer e, muitas vezes, nos próprios pés.
"Escrevemos a história do futebol argelino e isso é muito bom. Teremos isso como base para continuar e seguir crescendo em altíssimo nível. Essa Copa serve como referencial", ressaltou o goleiro MBolhi.
"Eu não deveria estar feliz por ter classificados às quartas?", perguntou o técnico Joachim Löw na coletiva de imprensa, ontem. Na verdade, ele respondia sobre a sofrida vaga assegurada para seguir na Copa do Mundo, ao vencer na prorrogação a Argélia, por 2 a 1, no Beira-Rio, em Porto Alegre.
Favorita à vitória, a tricampeã mundial foi surpreendida pelos argelinos, que pela primeira vez haviam chegado a uma fase de mata-mata em um Mundial. Não à toa, as perguntas da imprensa alemã se restringiam ao que aconteceu em campo ficando em segundo plano o desafio das quartas de final, na sexta-feira, contra a França, no Maracanã. Entre as explicações, até a dificuldade que o Brasil teve para passar pelo Chile, no último sábado, saiu da manga do treinador.
"Em uma Copa não se pode exigir que as seleções joguem de maneira fantástica. Hoje [ontem] não mostramos um futebol brilhante, mas vencemos. Partidas como essas vão sempre existir em um Mundial. Vimos que o Brasil teve de ir até o último pênalti para se classificar. Todas as seleções que chegaram às oitavas estavam completamente motivadas e vai ser dessa forma", destacou Löw.
O capitão Philipp Lahm reconheceu que o time demorou a encaixar. "Tentamos explorar as jogadas aéreas, que não funcionaram. A defesa deles estava muito bem armada", resumiu. A Alemanha só conseguiu superar as Raposas do Deserto quando Müller passou a arriscar jogadas individuais. De uma delas, no segundo minuto da prorrogação, saiu o passe para o gol de Schürrle. Özil ampliou aos 14/2.º da prorrogação, de canhota. No minuto seguinte, Djabou ainda descontou para os africanos.
Pela frente, a Alemanha terá uma batalha ainda mais dura e o time terá de contar com a recuperação de parte do seu elenco. "Estamos falando de um clássico, de partidas que são sempre muito dramáticas. Eu não falaria da partida de 1982 [quartas de final da Copa da Espanha, empatada por 3 a 3 e decidida nos pênaltis a favor dos alemães], mas depois de 2010, o Didier [Deschamps, técnico francês] vem desenvolvendo uma equipe com muita força. Tanto na defesa quanto no meio de campo. Sem contar a força no ataque", destacou Löw.
Ele, por sua vez, precisa contar com a recuperação de Poldoski, lesionado, e o zagueiro Hummels, que, com febre, não jogou ontem. Lahm, Schweinsteiger e Khedira estão na lista dos que jogaram sem estar 100% fisicamente.
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