Ao mesmo tempo em que não foram encontradas irregularidades no processo de financiamento de R$ 131,2 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a reforma da Arena, o relatório de acompanhamento do Tribunal de Contas da União (TCU) obtido pela Gazeta do Povo aponta riscos futuros decorrentes de "projeção otimista" do Atlético de faturamento com o estádio e "dificuldade de atualização do orçamento original e de controle sobre mudanças do projeto".
Uma benesse, segundo o acórdão dos ministros do TCU do dia 27 de março, é a liberação das próximas parcelas do empréstimo sem a análise do projeto executivo. Essa avaliação deveria ser feita antes do repasse de montante superior a 20% do total ou seja, já na próxima parcela. Mas, por causa do atraso do projeto, a fiscalização, feita pelo Tribunal de Contas do Paraná (TC-PR), só será necessária quando a transferência atingir 65%.
A expectativa é de que a nova remessa (de cerca de R$ 32 milhões) caia nos próximos dias na conta da CAP S/A sociedade de propósito específico criada para gerir a obra. Até agora o aporte foi de R$ 26 milhões.
Porém o relatório traz alertas. Um deles é a possibilidade de novo atraso do cronograma por causa da demora nas desapropriações ao redor da Arena e a projeção de entrega é dezembro, limite imposto pela Fifa. A autogestão da obra, por parte da CAP S/A, é outra preocupação, percebida na dificuldade para determinar o orçamento com exatidão.
O TCU também vê exacerbado otimismo atleticano com o futuro. Em sua apreciação, o ministro-relator Valmir Campelo afirmou que o estudo do clube enviado ao BNDES "estimou a projeção das receitas, eminentemente em função de uma projeção bem otimista do número de sócios e da ocupação média do estádio".
Campelo lembrou ainda que o clube é responsável por 1/3 do orçamento o restante é dividido entre governo do Paraná e prefeitura. "Nesses termos, caso tal cenário [otimista] não se confirme, poderá ocorrer, em tese, alguma dificuldade de pagamento do empréstimo", completou.
O relatório, porém, conclui que os riscos ao BNDES são pequenos, porque o contratante é o governo estadual, através da Fomento Paraná, com boas garantias. A ameaça maior recai sobre a agência local.
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