Depois de amarelar na final de 1998 na França, a CBF abriu os olhos e escalou um técnico com o perfil de durão para buscar o pentacampeonato na Ásia. Um ano antes, em 2001, o teste da Copa das Confederações havia mostrado duas coisas: uma seleção brasileira medíocre, treinada por Emerson Leão; e uma organização asiática minuciosa, preparada pelos asiáticos.
O Japão e a Coréia do Sul escolheram 20 cidades-sede 10 em cada país. Em cada uma delas, exceção a Yokohama, foi erguido um estádio moderno, onde não se poupou dinheiro. O Sapporo Dome, por exemplo, uma arena estilo futurística e totalmente coberta, esnobou tecnologia, com dois gramados: um artificial e fixo (para beisebol) e outro natural e móvel (para futebol). Neste, foi criado um sistema no qual o gramado se movimenta para fora do estádio depois dos jogos, para a grama receber a luz solar.
Foi seguramente a Copa mais incrível em termos de logística e tecnologia. Apesar dos deslocamentos constantes entre tantas cidades de dois países com língua, moeda e hábitos diferentes até carne de cachorro muitos experimentaram , tudo foi quase perfeito.
"Quase" por que houve jogos na ilha de Seogwipo, na Coréia, onde existia um mar de dificuldades, começando pela hospedagem. Imagine a Copa de 2014 com jogos em Fernando de Noronha! Mais ou menos por aí. Havia muita gente sem confirmação de hotel. Nós vivemos uma odisseia, pernoitando na chegada em uma casa de família, graças a nosso guia e tradutor o hotel, previamente confirmado, só liberou nossos apartamentos um dia depois.
Na segunda fase, passando para o Japão, a coisa fluiu melhor com distâncias menores e uma rede hoteleira extensa. Em Tóquio, considerada uma das cidades mais caras do mundo, não havia exploração dos visitantes em nada. No campo, o Brasil foi crescendo e ganhou a decisão com a Alemanha tendo em Rivaldo e Ronaldo os melhores de toda a Copa. Triste é que, na eleição da Fifa, realizada antes da final, o goleiro Oliver Kahn abocanhou o prêmio.
Edson Militão participou da cobertura da Copa do Mundo de 2002 e atualmente é colunista da Gazeta do Povo.
Leia também o depoimento do jornalista Rodrigo Fernandes.
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