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Não foi o povo brasileiro que fez qualquer movimento em busca da realização da Copa do Mundo aqui em 2014.

O empenho foi do presidente Lula, da CBF, presidentes de federações e clubes. Uns, os políticos, colocam em jogo vários interesses. Desde os ganhos eleitorais até vantagens diversas que se multiplicam sob argumentos de acordo com a conveniência pessoal. Os dirigentes, muitos deles habituados a tirar vantagens de uma simples até uma vantajosa transação de jogador, encontram vários caminhos para ganhar um bom dinheiro em troca de superfaturamento e outros artifícios.

O desembolso do dinheiro público é tão grande que é difícil medir o tamanho dos gastos. Não há transparência. O Brasil convive com uma intolerável corrupção patrocinada pelo poder público, em todos os níveis. Este foi um dos motivos que determinaram mi­­nha decisão de ser contra a Copa do Mundo. Para agravar o quadro de imoralidade, estão sendo construídos estádios com o dinheiro público em estados sem representatividade no futebol nacional. Co­­me­çamos pelo Distrito Federal. Brasília é a negação qualitativa do mais popular esporte nacional. Para o governo do DF não importa. Estão sendo gastos "apenas" R$ 900 mi­­lhões em uma cidade que depois terá de conviver com um monstrengo sem utilidade. O mesmo ocorre em Cuiabá, Manaus e Natal, cidades carentes e com o povo sem assistência médica, educacional e de segurança. Um absurdo!

A Fifa, que funciona como uma multinacional, já invadiu a privacidade dos brasileiros ao fazer exigências tão repugnantes como vender bebidas alcoólicas nos es­­tádios, contrariando a legislação do país. Ditatorial, impõe regras de conduta ao Congresso e ao governo da União. E aceitamos mansamente a subalternidade. Uma comissão de desamparados não recebe do poder público nenhuma atenção humanitária. É uma ilusão plantada em cima da população a participação do grande público nos jogos do Copa. Basta medir a capacidade financeira de nossa gente.

Arena

Aqui alguns dirigentes do Atlético, exatamente os que voltaram na última eleição, assumiram os riscos de instalar a Arena da Baixada nos planos da Copa. Como o es­­­­tádio é privado e os méritos são da comunidade rubro-negra, os gestores da instituição querem receber os bônus e transferir os ônus da obra ao governo estadual e à prefeitura municipal.

Um raciocínio simplista de quem se acostumou com o estado paternal das instituições públicas. Até imóveis serão abocanhados pela prefeitura para beneficiar o Atlético. Os problemas que rodei­­­am tais desapropriações não interessam aos pagadores.

Quem deveria comprar os imóveis que rodeiam a Baixada é o Atlético, beneficiário direto e exclusivo. Outra concessão do poder público é o potencial construtivo e a interveniência do go­­verno estadual para bancar o financiamento das obras.

Dinheiro público não pode ser usado em bens privados. É uma ilegalidade!

Surpreendente o comportamento perdulário do governo estadual e da prefeitura no caso da Copa do Mundo.

Exemplo? Curitiba não tem sequer um modesto local adequado para esportes coletivos: vôlei, basquete e futebol. Vácuo causado pelo desinteresse dos poderes estadual e municipal. Mirem-se em São José dos Pinhais, que construiu um ginásio para quase 5 mil assistentes.

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