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Faltando pouco mais de um mês para o pontapé inicial da Copa do Mundo, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, fez um desabafo público nesta terça-feira (6) ao afirmar que "viveu um inferno" na relação com o governo brasileiro durante a preparação para o Mundial. Segundo ele, a entidade reduziu suas expectativas na organização do evento. Para completar, também admitiu que a competição vai começar, a partir do dia 12 de junho, com cidades ainda em obras em projetos de infraestrutura.

Nesta terça-feira, em evento na Suíça ao lado de Gilbert Felli, que virou uma espécie de interventor do Comitê Olímpico Internacional (COI) na organização dos Jogos do Rio em 2016, Valcke fez uma avaliação do que ainda falta para ser feito antes do início da Copa. E, ao contrário do que fez na última visita ao Brasil, quando amenizou as críticas, o dirigente da Fifa, dessa vez em debate fora do País, comentou abertamente sobre os obstáculos enfrentados e admitiu as falhas.

"Quanto à crítica sobre as despesas, é verdade que nós (Fifa) temos uma responsabilidade moral. Dou um exemplo: num dado momento havia um certo número de pessoas no Brasil, entre eles políticos, que se opunham à Copa do Mundo. Vivemos um inferno, sobretudo porque no Brasil há três níveis políticos, houve mudanças, uma eleição (da presidente Dilma Rousseff), mudanças, e não discutíamos mais necessariamente com as mesmas pessoas", contou Valcke. "Foi complicado, porque a cada vez tínhamos de repetir a mensagem."

Principal responsável na Fifa pela organização da Copa, ele não deixou de tecer uma crítica ao que seria uma falta de engajamento do governo federal. "Talvez (no futuro) tenha de ser a mais alta autoridade representante do povo que seja associada a uma decisão de uma candidatura e não simplesmente um governo, um chefe de Estado e seus ministros que passam com o tempo. Que seja uma representação global do País", disse Valcke.

Ao terminar o evento na Suíça, Valcke foi questionado por jornalistas brasileiros sobre o motivo de ter vivido "um inferno" e mudou sua versão. "Não foram três anos de inferno. Foram três anos complicados, mas tanto para o Brasil quanto para nós", declarou o dirigente. "O trabalho não foi realizado por uma parte ou outra, não sei. Tivemos complicações relativas à estrutura do País, em relação a investimentos que talvez começaram tarde, uma incompreensão em relação à dimensão do evento."

"Lembro que me diziam: como você pode duvidar do Brasil? Nós organizamos o carnaval do Rio todos os anos com 3 milhões de pessoas. Mas no carnaval são pessoas do Rio e que tem seus apartamentos lá. Estão na praia e ficam por lá. As pessoas achavam que era fácil organizar uma Copa. Mas é um trabalho de verdade. É uma responsabilidade real", comparou Valcke.

Obras

Ele também deixou claro que algumas cidades não terão todas as obras de infraestrutura completadas a tempo do evento. Questionado sobre o que falta, Valcke foi claro. "São muitos detalhes. Não digo que tudo estará concluído", apontou o dirigente. "Em uma cidade como Cuiabá, há estruturas na cidade que não são diretamente relacionadas com a Copa. Portanto, haverá certamente obras nos entornos. Mas nos estádios teremos o que precisamos."

Valcke admitiu, porém, que teve de reduzir suas exigências para que as estruturas fossem entregues. "Reduzimos pretensões e necessidades e teremos o necessário para os jornalistas, torcedores e times durante a Copa", avisou. "No dia 21 de maio, vamos receber os estádios para instalar a tribuna de imprensa e organizar as câmeras. Custaria mais barato se tivéssemos dez estádios. Mas temos doze."

"É verdade que algumas exigências nós reduzimos para a Copa", disse. Um dos pontos foi a redução do espaço e volume que a Fifa exigia em relação às estruturas temporárias. "Rediscutimos o que precisávamos e reduzimos custos", declarou Valcke, garantindo, porém, que não reduziu os compromissos com os estádios nem com a segurança.

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