| Foto: Antônio More / Agência de Notícias Gazeta do Povo

Desembarque

Presidente cobra ‘aprendizado’ para exorcizar a tristeza

Robson Martins

O elenco coxa-branca voltou na tarde de ontem do Recife consciente da necessidade de voltar a vencer para não entrar na zona do rebaixamento. Como os dois próximos jogos, contra São Paulo (30/09) e Ponte Preta (07/10), serão no Couto Pereira, duas vitórias são encaradas como fundamentais para que o Coritiba não entre no grupo dos quatro piores do campeonato.

Para que as vitórias voltem, será necessário aprender com os erros do confronto com o Sport, como indicou o presidente Vilson Ribeiro de Andrade. "Tivemos uma chance de ganhar, erramos. Cometemos um pênalti infantil e perdemos o jogo", resume o dirigente. Diante da tristeza natural de uma derrota no último minuto, o elenco alviverde vem sendo orientado a levantar a cabeça e trabalhar visando ao confronto com o Tricolor paulista. Isso mesmo sem o técnico Marquinhos Santos saber com quem irá contar no próximo domingo.

O caso mais grave é do atacante Everton Costa. O departamento médico alviverde suspeita de que ele tenha rompido o ligamento cruzado do joelho direito, o que poderia tirá-lo dos gramados por oito meses. Um diagnóstico definitivo pode ser divulgado pelo clube hoje e, caso seja confirmada a suspeita, será o quarto caso desse tipo no Alto da Glória neste ano. Jackson, Keirrison e Cleiton completam a lista.

O atacante Deivid, que não atuou contra o Sport por sentir dores no músculo adutor da coxa direita, será reavaliado durante a semana. A expectativa também está no retorno do peruano Ruidíaz, que sentiu dores musculares e não foi para Pernambuco, mas treinou normalmente no último sábado.

Rafinha, Roberto e Pereira, que estavam no departamento médico, têm boas chances principalmente os dois primeiros – de estarem à disposição do treinador.

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"Cada jogo tem de ser uma guerra." É com esse pensamento que o presidente Vil­­son Ribeiro de Andrade exorta o Coritiba a lutar contra o descenso nas 12 rodadas finais do Brasileiro. O risco de voltar à Série B, onde o clube passou três dos sete últimos anos, tornou-se perigosamente real com a derrota de domingo, para o Sport.

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O Coxa está uma posição e um ponto acima da zona de rebaixamento. Proximidade que põe uma salada numérica diante do clube. Eis alguns deles: 18% a 24% de risco de rebaixamento; 46 pontos necessários para manter-se, com segurança, na Série A; sete partidas dentro de ca­­sa, em que o clube projeta o impulso para atingir esta marca; quatro confrontos contra times que estão na bri­­ga pelo título.

O resultado dessa equação definirá não apenas a divisão em que o Coritiba jo­­gará no ano que vem, como também influenciará a sequên­cia do projeto do clube. Atração de jogadores e ne­­gociação de patrocinador master para o uniforme estão diretamente ligadas ao calendário de 2013.

Embora o time da zona de rebaixamento mais próximo seja o Sport, o grande adversário deverá ser o Palmeiras, algoz na final da Copa do Brasil. A projeção é feita pelo matemático Tristão Garcia, responsável pelo site Infobola. Segundo ele, a tabe­la distancia o Leão e aproxima o Porco do Coritiba.

"O Sport tem muitos jogos fora [sete], onde venceu apenas uma partida. Já o Co­­ri­­tiba joga sete em casa, onde é muito forte. Por isso a diferença de risco de um para outro é tão grande", explica Garcia.

Pelo Infobola, a probabilidade de rebaixamento dos paranaenses é de 24%, contra 63% dos pernambucanos. "O perigo real é o Palmeiras. Se tiver força para reagir, empurra para cima esse número para não cair", acrescenta, respaldado pela força histórica – e política – do clube paulista.

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Concorrente na briga pela sobrevivência, o Palmeiras também divide com o Coxa o sonho de repatriar Alex. Na semana passada, em entrevista à Rádio 98 FM, o meia disse que não gostaria de jogar a Série B. É a síntese de um dos pontos em jogo nestas 12 rodadas finais.

Disputar a Segundona restringe a ação do clube no mercado, além de atrapalhar o processo de contratações, que se intensifica em outubro. A mesma lógica vale para a negociação de patrocínio master. O BMG não reno­vará o contrato, que vence no fim do ano. Qualquer novo acordo dependerá da exposição na mídia que o time terá ano que vem.

"A divisão em que o clube joga serve de argumento para reduzir o valor do patrocínio. Em uma situação como essa [risco de rebaixamento], a empresa espera para tomar uma decisão", explica o economista Fernando Ferreira, da Pluri Consultoria.

Ao menos no discurso, dificuldade em atrair jogadores e patrocinadores não preocupa. Segundo o presidente alviverde, o projeto segue inalterado, independentemente de Divisão. Uma queda também não teria impacto na principal receita do clube. "Claro que não temos a menor vontade de disputar a Série B, mas o contrato com a Globo, mesmo caindo, se mantém em 100%", explica Vilson. O clube recebe cerca de R$ 34 milhões/ ano pela transmissão do Brasileiro.

A preocupação maior é com o rendimento do time. "Se tiver competência, fica. Se não tiver, cai", resume o dirigente.

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Arma comum na luta contra o rebaixamento, um prêmio extra não será oferecido ao elenco alviverde. "É obrigação manter o Co­­ritiba na Série A. Não tra­­balho com esse tipo de pre­miação. Todas as nossas obrigações com os jogadores estão em dia. Eles é que estão devendo para o clube e sei que estão cientes disso", afirma o presidente.

Sinal de que ao menos na equação coxa-branca, bicho para não cair é igual a zero.