Opinião
Teste possível
Fernando Rudnick, repórter
Se ainda há algo que o Coritiba de 2011 precisa provar, isso está prestes a acontecer. As próximas duas partidas da equipe, contra o Palmeiras, pela Copa do Brasil, são o maior desafio da temporada para os comandados de Marcelo Oliveira. Campeões estaduais e imbatíveis até aqui, os coxas-brancas terão pela frente um rival forte, com alguns jogadores acima da média, cujo conjunto é o diferencial. O time de Felipão pode ter a melhor defesa do país no ano, porém está longe de ser um bicho-papão. Eliminado do Paulistão pelo arquirival Corinthians ontem, o clube paulista perdeu Valdívia e Cicinho para a guerra como definiu Davi , da próxima quinta-feira. O placar eletrônico do Couto já pediu a presença em massa da torcida. Isso será muito imporante. Mais do que o apoio das arquibancadas, no entanto, é o Coxa jogar da maneira que lhe garantiu tantos recordes. Não por acaso uma equipe conquistou tantas marcas expressivas. A próxima partida é a hora do teste definitivo.
O Coritiba consolidou ontem, diante da torcida, no Couto Pereira, o melhor Paranaense de sua centenária história. O triunfo por 2 a 0 sobre o Cianorte além de aumentar o recorde nacional de vitórias consecutivas para 23 partidas fez do time de Marcelo Oliveira o décimo campeão invicto das 96 edições do Estadual. Com uma campanha de 20 vitórias, dois empates e 93,93% de aproveitamento o maior da era profissional , a equipe garantiu a terceira melhor empreitada da história da competição, atrás apenas de Internacional, em 1915, (100%) e Britânia, em 1922, (94,44%), ainda na fase amadora do futebol.
Somente nas temporadas de 1935 e de 2003 o Alviverde havia conquistado o Regional de maneira impecável, sem derrota. A trajetória que agora se junta às campanhas de Internacional, Palestra Itália, Britânia (três vezes) e Atlético (duas vezes), foi concretizada uma semana depois de o título ter sido garantido com vitória na casa do maior rival.
"Foi sensacional", resumiu o técnico Marcelo Oliveira, que implementou um futebol ofensivo e empolgante no Alto da Glória. Foram 62 gols em 22 confrontos no torneio, média de 2,81 por partida. "Tínhamos de fechar com chave de ouro", seguiu Pereira, que ontem completou cem duelos vestindo a camisa verde e branca. O zagueiro foi premiado com o segundo gol da partida, de cabeça (7/2.º). Antes, Anderson Aquino (39/1.º) fez o primeiro tento de cobrança de falta direta do clube em 2011.
A comemoração, porém, não extrapolou o gramado e a entrega das faixas comemorativas. Está claro no discurso dos atletas que o Coritiba mantém o foco em um objetivo maior: vaga na Copa Libertadores 2012. Nesse caminho está o maior desafio até aqui de um time recordista. Pela frente o Palmeiras, na próxima quinta-feira, em Curitiba, pelas quartas de final da Copa do Brasil.
"Comemorar só hoje [ontem]. O pensamento já está no Palmeiras", revelou o volante Willian, um dos que ganhou chance no time misto que enfrentou o Leão do Vale do Ivaí. "O Coritiba não pode parar por aqui. O Paranaense já foi. Fizemos nossa parte. Teremos uma guerra na quinta", fechou o meia Davi, que terminou o Estadual empatado com Bill e Giancarlo, do Cianorte, com 12 gols na artilharia.
Único bicampeão invicto, Tcheco exalta fórmula alviverde
Sentado em uma cadeira nas sociais do Pereira, na agradável tarde de ontem, o curitibano Anderson Simas Luciano olhava atentamente para um pôster do Coritiba campeão paranaense de 2011. Ele estava lá.
Talvez com o pensamento em outra foto, tirada há oito anos, o meia Tcheco, de 35 anos, assistiu à partida que fechou, de forma invicta, a atual campanha no Estadual. A vitória por 2 a 0 sobre o Cianorte colocou o jogador, formado pelo Paraná e com larga experiência no futebol nacional, como o primeiro bicampeão invicto da história alviverde. Apesar de ter feito apenas duas partidas como titular, mais outras sete nas quais entrou durante o jogo, e ter marcado um único gol, Tcheco se tornou uma importante liderança do grupo.
"São vários fatores [que nos levaram a esses resultados]. Um deles é o ambiente, que não tem problema. A segunda coisa foi o Marcelo [Oliveira, técnico], que fez o simples. Outro foi a montagem da equipe, que tem jogadores com características diferentes para cada posição. Foi um trabalho coletivo", afirmou à Rádio 98 FM.