Se depender do Coritiba, não há, nunca existiu e nem haverá mala-preta nos corredores do Alto da Glória. Às vésperas de decidir a permanência na Série A, o clube diz rejeitar o bicho "por fora". Assim como evita falar sobre a oferta de um possível incentivo financeiro a terceiros.
O capitão Reginaldo Nascimento comanda o discurso. "O futebol de hoje está muito profissional. Não acredito que os elencos de Brasiliense e Cruzeiro estejam esperando algo desse gênero para vencer seus jogos. Esses times querem sair bem, honrados, do campeonato", garante ele.
Para permanecer no primeiro escalão do Brasileiro, o Coxa precisa vencer o Internacional (domingo, às 16 horas, no Couto Pereira) e torcer que no mesmo dia e horário ocorra a derrota de Ponte Preta (contra o time do Distrito Federal, em Campinas) ou São Caetano (frente aos mineiros, em Belo Horizonte).
Aos 31 anos, sete deles no Alto da Glória, o volante seria um potencial articulador das negociações com outros times ainda mais após as insinuações do Goiás afirmando que o pacto por dinheiro ocorreria exatamente entre os boleiros. Ele desconversa. "Eu nunca vi ou participei de algo assim. Mas se o Geninho (treinador da equipe goiana) falou, deve ser verdade. Agora, comigo, não..."
Mas o representante do Centro-Oeste também insinua um caminho inverso para essa espécie de 14.º salário clandestino. "Por que não perguntam para o Coritiba quanto estão ganhando do Corinthians para vencer o jogo?", soltou ontem Pedro Goulart, diretor de futebol do Goiás, irritado com as perguntas de um possível acerto do seu time com o Colorado com o intuito de bater o Timão. Gaúchos e paulistas travam a batalha pelo título do Nacional.
O tema foi tratado com bom humor pelo técnico Márcio Araújo. "Mala maior do que eu não tem. Preta também não serve. Se fosse verde, tudo bem...", ironizou o comandante. "Nem me envolvo com isso. Estou preocupado com o trabalho de campo", completou, com um tom sério.
Já o meia Caio foi mais direto. "Na nossa atual situação, nem precisamos disso. Só os três pontos nos livram do rebaixamento. Como podemos, vivendo tal situação, pensar em oferta de outros clubes?", explica.
De acordo com o Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), dar e prometer vantagem indevida são tratados como faltas graves fato a ser enquadrado no capítulo de corrupção, concussão e prevaricação da lei. Ou seja: quem participar desse ato ilícito pode ser até eliminado do esporte. A mesma pena caberá ao intermediário.
Logo após o empate com o São Caetano, no Anacleto Campanella, o presidente Giovani Gionédis rechaçou a possibilidade de enviar dinheiro para quem carrega o Coritiba nas mãos. Disse apenas que iria conversar com os envolvidos e pedir força máxima e empenho.