Duelo reúne "vovôs" com muito em comum
Ceará e Coritiba, equipes que começam a disputar hoje uma vaga na final da Copa do Brasil, têm mais semelhanças do que os 3,5 mil km de distância entre Curitiba e Fortaleza sugerem.
Diário dos Coqueirais
Carroça Desembestada
Um cartaz mostrado por um torcedor do Ceará na partida de ida contra o Flamengo, no Rio, virou hit entre os torcedores do Vozão. O CD com o funk da "Carroça Desembestada" começou a ser vendido por ambulantes da capital cearense há poucos dias, custando R$ 3. Sucesso total entre a torcida.
Trio Boladão
O volante Léo Gago (foto) foi o mais assediado por imprensa e torcida cearense no treino de ontem. Campeão estadual pelo Ceará, em 2006, e pelo Fortaleza no ano seguinte, o jogador relembrou os tempos em que participou de um vídeo que bombou na internet junto de seus ex-companheiros de Leão, Simão e Rogerinho. A cantoria está no site Youtube.
Quem é maior?
O bom momento vivido pelo Ceará se reflete no orgulho dos torcedores nas ruas. A camisa do Vozão pode ser vista a cada esquina, enquanto os torcedores do Fortaleza (na Série C nacional) andam meio escondidos. Os poucos que encontramos, no entanto, afirmam orgulhosos que, apesar do momento antagônico com o maior rival, ostentam a maior torcida.
Fortaleza - O nome do estádio onde o Coritiba faz hoje contra o Ceará, às 21h50, o primeiro jogo da semifinal da Copa do Brasil é Presidente Vargas, mas bem que poderia ser chamado de "panela de pressão". Pequeno (20.600 lugares), com um campo apertado (105 m x 68 m) e com gramado ruim, o PV, como é conhecido, substitui o Castelão em reforma para a Copa de 2014 e é o grande trunfo dos donos da casa para tentar chegar à final.
Reformado entre 2008 e o início de 2011, o estádio encravado no bairro Benfica apresenta um ar aconchegante. Repleto de cadeiras azuis não há arquibancadas e com vidros fazendo o papel de alambrado entre a torcida e as quatro linhas, está perfeito do ponto de vista dos torcedores. Para os atletas, no entanto, são apenas oito passos de distância. Promessa de uma pressão assustadora.
"Assusta um pouco, sim, porque é bem apertado", confirmou o volante Léo Gago. "Estou sabendo que agora colocaram vidros lá e a torcida fica ainda mais perto. Mas se quisermos ser campeões temos de passar por cima de tudo isso", adicionou o campeão estadual pelos rivais Ceará e Fortaleza, em 2006 e 2007, respectivamente.
"A gente sabe que é casa cheia e que a torcida empurra o time. Mas sabe também que conseguir fazer gols fora de casa dificulta bastante para o adversário. Eles vão vir para cima nos primeiros minutos, mas estamos trabalhando para suportar essa pressão", concordou o meia Rafinha. Assim como Gago, ele retorna após cumprir suspensão na única derrota da temporada, contra o Palmeiras, na última semana resultado que não impediu a classificação alviverde.
Além da proximidade do torcedor rival, o Coxa terá outro obstáculo diante do Vozão. Muito esburacado, o gramado do PV foi maquiado ontem à tarde. Para cobrir as falhas, areia pintada de verde. Até a prefeitura de Fortaleza, que administra a arena, admitiu que as condições não são as melhores.
"Não me preocupa. Estamos preparados. Não vamos perder em função disso. Vamos enfrentar o Ceará, que é muito forte, principalmente aqui. Temos de estar preparados para marcá-los bem", declarou o técnico Marcelo Oliveira, dizendo que seus comandados estão calejados em partidas importantes após os clássicos contra o Atlético, pelo Paranaense, e o duelo com o Palmeiras, pelas quartas de final da Copa do Brasil.
"Temos de lembrar que é Copa do Brasil. São dois jogos. Temos de pensar neste jogo, mas também saber que há uma segunda etapa", fechou o treinador, prometendo manter a postura ofensiva do time.
Fim de sequência recordista diminui a responsabilidade
Se o Coritiba enfrentará uma grande pressão vinda das arquibancadas hoje, às 21h50, no Estádio Presidente Vargas, em Fortaleza, ao menos a equipe alviverde já se livrou de outro grande fardo para a partida contra o Ceará, pelas semifinais da Copa do Brasil.
A quebra da sequência de 24 vitórias seguidas recorde nacional estabelecido pelos comandados do treinador Marcelo Oliveira e dos 29 confrontos de invencibilidade desde o início da temporada, contraditoriamente, parece ter feito bem ao time, que terá pela frente uma semana decisiva.
Pelo menos é o que transparece o discurso do técnico e dos jogadores. "Sempre disse que esse não era nosso grande objetivo [o recorde]. Queríamos ser campeões paranaenses e avançar na Copa do Brasil. Portanto, [a derrota] chegou em um bom momento", afirmou o treinador.
"Achei que foi ótima [a derrota], pelo momento. Tirou essa pressão da invencibilidade. Já conquistamos o recorde. Queremos agora mais conquistas", enfatizou Oliveira, que espera um duelo equilibrado com o Ceará e já destacou quem são as maiores ameaças à meta do goleiro Édson Bastos.
"Vários. O time como um todo. Tem de marcar o Geraldo, o Tiago Humberto, o Iarley, o artilheiro lá na frente [Washington], o Nicácio, que voltou após litígio com a diretoria. Não é preocupação, mas cuidados com todos esses jogadores", fechou o comandante.
Ele elegeu com bastante antecedência Leonardo para substituir o suspenso Bill no ataque. Em relação ao último jogo com o Palmeiras, poderá contar com o retorno do volante Léo Gago e do meia-atacante Rafinha, que cumpriram suspensão. (FR)
Ao vivo
Ceará x Coritiba, às 21h50, na RPC TV, na Rádio 98 FM (98,9) e no tempo real da Gazeta do Povo.
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