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Risco do coronavírus transformou Atletiba em experiência inusitada
| Foto: Albari Rosa/Foto Digital

O Atletiba 343, disputado no Couto Pereira, neste domingo (15), ficará marcado na história. Foi o primeiro clássico, em 96 anos, com portões fechados, sem presença de torcida, devido à pandemia de coronavírus. A goleada do Coritiba por 4 a 0 sobre o Athletico, que garantiu a liderança do campeonato para o Coxa, ficou em segundo plano diante ao cenário incomum do embate.

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Poucos torcedores no entorno do estádio, grande prejuízo para os comerciantes e um Couto Pereira em silêncio quase absoluto, não fosse pelos gritos e sons vindos do próprio campo e das cabines de rádio do estádio.

Com a bola rolando sob um silêncio quase total, era possível ouvir os jogadores conversando entre si e as instruções passadas pelos treinadores.

No lado do Coritiba, o goleiro Alex Muralha conversava com os companheiros quase todo o tempo. “Tira da pressão, sai rápido, fecha aqui, vamos”, instruía da meta alviverde. Já os jovens jogadores do Furacão eram mais contidos, à exceção do zagueiro Luan Patrick, que por vezes reclamou da equipe: “Vamos, tem que ajudar. Toca rápido, vai”, cobrava.

A cada lance de perigo, as narrações das rádios que transmitiam o Atletiba se misturavam, vindas das cabines do Couto Pereira. Cada um trazendo a emoção do seu próprio jeito e estilo.

“É um ambiente diferente, a presença do torcedor sempre é importante. Então, não tendo torcedor, sentimos bastante isso. É um clima de calmaria, pra mim, que narro há 25 anos, a gente sente isso. É estranho”, disse o narrador Jacir de Oliveira, da Rádio Transamérica.

Nos gols do Coritiba, com um delay de 30 segundos por causa da transmissão, torcedores comemoraram do lado de fora do Couto Pereira, com fogos e gritos.

No segundo tempo, Eduardo Barros pouco gritou, conversou bastante com seu auxiliar, pensativo na área técnica. E assim seguiu após o quarto tento do Coxa, em busca de incentivar seus jogadores.

Perto do término, o sistema de som do Couto Pereira informou que não houve público no clássico, apenas 333 profissionais que trabalharam no confronto. Após o apito final, a comemoração foi tímida dos jogadores, mas foi possível ouvir alguns torcedores que acompanharam o jogo do lado de fora.

Prejuízo no comércio

Duas horas antes do jogo, nos arredores do Couto Pereira, era possível notar apenas uma pequena movimentação de curiosos e torcedores. O bar Varandas, localizado na esquina da Rua Mauá, habitual ponto de concentração da torcida antes do jogos, se viu vazio em um dia que era pra ser de lucro, por causa do Atletiba. O dono, Sidrinei Prestes, de 38 anos, reclamou que a determinação de portões fechados foi muito próxima da data do clássico, tendo acontecido apenas na última sexta-feira (13).

“Estamos deixando de ganhar. Um prejuízo de R$ 10 mil para o bar. Eles (órgãos públicos) têm que saber o que é melhor. O problema é que foi em cima da hora. Você compra o produto antecipadamente e já tem que pagar”, disse Sidrinei, que transmitiu o jogo em seu bar.

Recepção modesta e clima tenso

Foto: Albari Rosa/Foto Digital/Gazeta do Povo
Foto: Albari Rosa/Foto Digital/Gazeta do Povo

Na chegada dos ônibus dos times, cerca de 20 torcedores do Coritiba estiveram presentes para recepcionar a delegação, com sinalizadores, bandeiras e gritos de incentivo antes do clássico contra o principal rival.
Na loja da torcida Império Alviverde, próxima do estádio, muitos torcedores estiveram presentes para acompanhar o jogo, que teve minutos de tensão com a policia ainda antes de a bola rolar. Durante o jogo, o clima continuou tenso entre torcedores e policiais.

Amor que supera risco de contaminação

Mas, afinal de contas, o que leva um torcedor a ir ao Couto Pereira mesmo com a determinação de portões fechados por causa do risco de coronavírus? A resposta podia apenas ser uma.

“É o amor pelo Coritiba. Mesmo com toda situação, correndo um risco, vamos curtir com a torcida. Não dá medo, estamos entre conhecidos e nos divertimos”, disse uma coxa-branca de 21 anos, com uma filha de dois anos, que não quis se identificar.

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