O impasse envolvendo a continuidade da Turner nas transmissões do Brasileirão afeta diretamente a realidade financeira do Coritiba. O clube, que estimava receber cerca de R$ 20 milhões com direitos de transmissão de TV fechada nesta temporada, corre risco de ficar com essa receita zerada.
O problema gira em torno do contrato com o grupo de mídia americano, firmado ainda em 2016 e válido desde o ano passado na Série A.
Ao lado de Athletico, Bahia, Ceará, Fortaleza, Internacional, Palmeiras e Santos, o Coxa briga para que o acordo seja mantido. No pior dos cenários, que ele seja rescindido mediante uma compensação importante.
No entanto, além da possibilidade de uma longa disputa na Câmara de Mediação e Arbitragem da Fundação Getúlio Vargas, há chance de que a empresa e os times saiam no zero a zero: os direitos voltariam para os clubes, que não receberiam nada pela quebra de contrato, válido até 2024. E aí está o grande risco para o Coritiba.
Sem a concorrência de TNT e Space, que pertencem à Turner, o SporTV seria a única alternativa na TV fechada. A menos que outro parceiro surja no mercado, os clubes teriam pouco poder de barganha para negociar com o canal da Globo, já parceiro de outros 11 times do Brasileirão 2020. O Red Bull Bragantino é o único que ainda não tem vínculo com ninguém.
Como mostra, em média, apenas duas partidas por rodada, o SporTV não tem necessidade de adquirir mais direitos. Especialmente pelo fato de o mesmo grupo já contar com 17 clubes no Premiere, sua plataforma de pay-per-view (PPV) – o Athletico é a exceção. O Bragantino deve assinar quando resolver a TV aberta.
A pandemia do novo coronavírus, aliás, reforça a tendência da Globo em reduzir investimentos não essenciais, que é o caso dos direitos na televisão paga, mídia que vem perdendo assinantes nos últimos anos.
Ou seja, se o panorama acima se confirmar, o Coxa está nas mãos da Globo, especialmente por causa do contexto econômico no qual está inserido. O clube também não tem contrato de TV aberta (maior fonte de receita dos clubes) e PPV. E, novamente, a emissora carioca é opção única.
Para as equipes hoje vinculadas à Turner, nesse cenário, o mais lógico seria uma negociação em bloco, já que eles representam 40% do campeonato. Ou, então, usar o precedente da MP 984 tentar vender individualmente seus jogos como mandantes a outros canais. Isso, claro, se a medida provisória (duração de até 120 dias) se tornar uma lei.
Durante a pandemia, a ausência de contratos de TV também atrapalhou o Coxa de outra forma. O clube não teve acesso à linha de crédito oferecida pela CBF porque a garantia para o repasse de R$ 5 milhões é ligada à verba a receber dos direitos de transmissão.
Já os pagamentos da Turner, que deveriam totalizar R$ 10 milhões (parcela igualitária) entre maio e julho, foram suspensos por causa do impasse contratual milionário.