Três das sete pessoas suspeitas de espancar um torcedor corintiano horas antes do jogo entre o time paulista e o Coritiba, em frente ao Estádio Couto Pereira, neste domingo (18), já foram identificadas pela Polícia Civil. A informação foi repassada pelo delegado Clóvis Galvão, da Delegacia Móvel de Atendimento a Futebol e Eventos (Demafe), durante coletiva de imprensa nesta tarde.
Na ocasião, um dos identificados, João Carlos de Paula, de 24 anos, integrante da torcida organizada do Alviverde, foi apresentado. Ele foi preso por policiais vestidos com a camisa do Coxa ainda durante a partida de futebol.
Veja vídeos e imagens da briga em frente ao Couto Pereira que deixou feridos
João Carlos foi identificado pelas roupas da torcida organizada e o calçado que usava. Ele não tem passagem anterior pela polícia e vai responder por tentativa de homicídio. O rapaz, conforme o delegado do Demafe, deve ser transferido na segunda-feira (19) para uma casa de custódia. Os outros suspeitos identificados ainda estão sendo procurados.
Segundo Galvão, as imagens e as vestimentas do acusado são suficientes para comprovar a participação dele no crime. “A roupa e o tênis são a confissão dele. Ele confessou o crime na delegacia”, afirmou o delegado, ao salientar que, embora a Polícia Militar tenha feito um planejamento para evitar confrontos entre torcidas nas imediações do estádio, situações como deste domingo não podem ser previstas. “Em segurança pública, você não pode prever o que vai surgir aleatoriamente. Os três ônibus que não foram cadastrados pararam próximo à sede da Império para confrontar a Império”, definiu ele, ao fazer referência aos ônibus com corintianos que não acataram orientação para escolta até o Couto Pereira.
Outros 38 veículos com torcedores foram escoltados pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope) e oito por policiais da Rotam.
Risco assumido
O secretário de Segurança Pública do Estado, Wagner Mesquita de Oliveira, afirmou que, de acordo com as imagens da agressão, o torcedor detido agiu com dolo de homicídio. “O risco foi assumido de provocar o resultado de morte”, disse. Ele sustentou ainda que a Polícia Civil “deu a resposta que era devida dentro do possível no momento”. “Agora, se o indivíduo que está vindo para o estádio não obedece e não segue as orientações da polícia, isso gera uma situação de risco diferenciada. O que propiciou a ocorrência desse evento foram esses três ônibus que não obedeceram o que havia sido determinado. Todos os outros foram escoltados”, acrescentou.
À imprensa, o advogado de João Carlos, Renato Freitas, defendeu que não houve confissão oficial do rapaz. “Eu orientei meu cliente a não confessar. Se ele confessou, não fez isso na presença de um advogado e isso não tem valor legal algum”, enfatizou.
O defensor também argumentou que as provas usadas pela Demafe são frágeis para embasar o envolvimento do torcedor na confusão. “O que é apontado como prova cabal -- as vestes, uma calça, uma jaqueta e uma camiseta da torcida Império não são fatores de diferenciação. Pelo contrário, é um fator de normalização. Todas as pessoas que estavam no estádio, num determinado setor, que faziam parte dessa torcida, faziam uso das mesmas roupas”, pontuou Freitas.
Feridos
Segundo informações da Secretaria de Saúde e da Demafe, o torcedor agredido recebeu alta após vários exames e já voltou para São Paulo ainda na tarde deste domingo.
As outras seis pessoas que ficaram feridas antes da partida entre o Corinthians e o Coritiba e foram atendidas pelo Siate, segundo a Polícia Civil, não teriam relação com a confusão em frente ao estádio. A Polícia Militar, no entanto, não tem registros sobre outros tumultos na região nesse horário. “Existem agressões que não chegaram ao conhecimento da PM no estádio. Pode ser que a partir de amanhã [segunda-feira] surja outra vitima e isso será apurado”, afirmou o delegado da Demafe.
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