Dois dias após a queda do Coritiba para a segunda divisão, o homem-forte do futebol do Coritiba, Ernesto Pedroso, admitiu que o elenco era limitado para a Série A. Em entrevista coletiva nesta terça-feira (6), Pedroso ressalvou que não fez nenhuma contratação sozinho.
SORTEIO da Copa do Brasil 2018
O ex-diretor também criticou o trabalho do técnico Marcelo Oliveira, analisou individualmente atletas do elenco, traçou um panorama da eleição coxa-branca e cravou: se algum jogador em fim de contrato perdeu a motivação na reta final do Brasileirão, foi por “falta de caráter”. Confira os principais tópicos abordados.
Montagem do time
“Todas as coisas estão vindo para cima de mim, o ‘homem que montou o time’”. Mas eu tinha a administração do futebol do Coritiba de forma bem limitada. Nenhuma contratação fiz de forma objetiva e única. Sempre por indicações de terceiros, do departamento técnico, olheiros do clube. Contratamos sempre por consenso”.
Erros
“Participei da vinda de jogadores como Cleber Reis, Galdezani, Jonas, Rafael Longuine e Henrique Almeida”, disse Pedroso. Para ele, apenas a vinda de Galdezani foi um erro. “Foi um jogador que apostamos as fichas nele em quatro ou cinco partidas que não deveríamos ter apostado, para manter qualidade, valor, erramos”.
Falta de caráter
“Pagamos todos os compromissos com os jogadores. Prêmios, salários, contratos. Não há justificativa para um jogador que deixou de jogar, ou não se empenhou com motivação maior. Se se afastou [do objetivo do clube] foi por falta de caráter, não por falta de pagamento ou pulso firme no vestiário”.
Alecsandro
“Foi infeliz. Veio com uma vontade extraordinária, tem um passado maravilhoso, o pai [Lela] dele ficou emocionado. Teve um estiramento muscular que não tem explicação, uma fatalidade. É um jogador que poderia não ter vindo? Sim. Mas poderia ter nos ajudado muito mais”.
Kléber e Anderson
“A suspensão do Kléber foi fatal. Se ele faz dois gols como fez contra a Chapecoense...Já o Anderson é um atleta de qualidade técnica excepcional, nos disse que estava afim de jogar no Coritiba e não jogou. Um currículo maravilhoso, mas não jogou”.
Marcelo Oliveira
“É um homem de caráter, excepcional, mas infelizmente não acertou na receita. Não tem explicação. O elenco não é excepcional. Faltou uma falta de alerta, quando o Marcelo assumiu. Não acertamos o time. Tínhamos elenco inchado com 40 jogadores”.
Planejamento
“Faltou planejamento. Nos desesperamos em determinada parte do campeonato e trouxemos um que deu certo, o Cleber Reis. O Longuine não jogou. Tínhamos também um problema de orçamento. Não podemos ver o Coritiba como um eterno campeão, porque é apenas o 14.º orçamento do país.
Torcida mal-acostumada
“Viemos das décadas de 50, 60, 70, como vencedores natos, deixamos a torcida mal-acostumada a ser vencedora, apesar dessa não ser a expressão correta. A torcida se acostumou com essa pecha de campeão”.
“Bruxaria”
“Não teve nada de excepcional que atrapalhou a vida do Coritiba. A fatalidade de tomar um gol aos 47 do segundo tempo e ganhar um de presente também aos 47 é incrível, coisa de bruxaria”, disparou, sobre a rodada final do Brasileirão.
Eleição
“As três chapas deveriam se unir em uma. O Coritiba com 7 mil votantes não tem capacidade para três chapas, é muita gente, muita coisa, muita divisão dentro de um clube tão grande e ao mesmo tempo tão pequeno”.
Conselho Deliberativo
“Essas duas últimas composições do conselho me decepcionaram muito. Não davam tranquilidade, há muito antagonismo no clube. Os males do Coritiba emanam do conselho para fora. O mal vem daí. A derrota vem daí”.
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