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Estando o Paraná bem ou mal na classificação, os treinos do time na Vila Capanema têm uma característica única em clubes da Primeira Divisão do Brasileiro: a cornetagem é liberada. Jogadores e técnico convivem diariamente com palpites, pedidos e comentários de todo o tipo vindos de torcedores que já são figurinhas carimbadas nos treinamentos do clube. Entre o campo e o vestiário do estádio paranista, além das perguntas dos jornalistas, os profissionais do Tricolor também precisam conversar com fãs que sempre têm uma cornetada na ponta da língua.

"Eu sempre paro para ouvir. Me dou bem com todos. Ruim era no Vitória, quando todo dia tinha gente pedindo dinheiro para o Edílson e o Vampeta", diz o atacante Leonardo. "Falo com todos também. Só que quando tem algum palpite eu só escuto", brinca o técnico Caio Júnior.

Algumas vezes são cinco, outras dez e dependendo do dia passa de 20 o número de cornetas que já têm a casa do time do coração como seu segundo lar. Gente que além da paixão pelas cores azul, vermelha e branca nutre grande necessidade de especular com os colegas de cornetagem as mais diversas situações sobre a equipe – e sempre tem a solução para todos os problemas.

"Venho aqui porque é o time que eu gosto. Sempre dou palpite, mas nunca negativo", revela o aposentado Hamílton Valentim, de 69 anos, que não gosta quando a cornetagem vira crítica.

Outro aposentado, Garri Lange, 69, já vê como rotina suas idas à Vila também em dias que não são de jogos. Segundo ele, um dos assuntos mais recorrentes do momento nas rodas é a suposta discriminação sofrida pelo Paraná.

"Quero pedir para a imprensa apoiar o Paraná. Nosso clube melhorou muito, mas segue sendo o patinho feio", afirma ele, que por conta do amor ao clube comprou um dos 72 camarotes da nova Vila em consórcio com mais seis amigos.

Também há cornetas mais jovens, como o instrutor de auto-escola Alan da Cunha Luz, de 25 anos. Ele revela que gosta de ir aos treinos para ficar informado sobre o time.

"Já fiz até amizades no clube. Gente da comissão técnica, do time e da imprensa. Também consegui camisas autografadas por todo o elenco de 2005 e desse ano", conta.

Entretanto, é a velha-guarda que mais comemora o atual momento do time. A chance de chegar pela primeira vez à Libertadores parece um sonho impossível para os que torciam pelo Colorado (a maioria) ou pelo Pinheiros.

"O Colorado foi um time que já nasceu falido. Aquela fusão (entre Ferroviário, Britânia e Palestra Itália, em 1971) foi um erro", lamenta o seu Valentim, que foi mascote do Ferroviário e depois sofreu muito com o Colorado.

"Essa classificação é o presente que você sempre quis ter e seu pai nunca pode te dar", admite o corneteiro Fernando Ferreira, 49 anos, produtor de shows, que costuma fotografar famosos com a camisa tricolor.

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