Em tempos de coronavírus, uma simples ida ao supermercado já pode ter uma consequência grave para algumas pessoas. O "grupo de risco", de acordo com a Organização Mundial da Saúde, é formado por pessoas com problemas crônicos, como diabetes, hipertensão e asma, além de indivíduos com idade superior a 60 anos.
Com isso, a rotina de grandes personalidades do nosso futebol foi bastante alterada nos últimos dias. É o caso de José Hidalgo Neto, o Capitão Hidalgo. Com 76 anos, o comentarista, que brilhou no Coritiba na década de 70 e já cobriu grandes eventos esportivos por todo o mundo, lamenta ter que ficar recluso neste momento, mas ressalta a importância do isolamento.
"Está sendo preocupante toda essa história, pois nunca vivemos nada parecido com isso. Já viajei muito, minha vida é andar por aí, fazer transmissões e estou 'preso' em casa sem ter cometido nenhum delito", brinca Hidalgo. "É importante seguir recluso, pois já temos uma certa idade. Tenho procurado acompanhar as notícias e ficar atento a tudo. Tem que dar um tempo para tudo ficar bem novamente", completa o comentarista.
Na mesma linha, o seu parceiro de rádio, Valmir Gomes, 79 anos, tem aproveitado o tempo maior em casa para colocar a leitura em dia e pensar em novos projetos. "Gosto muito de livros relacionados ao esporte e a história em geral. Tenho lido algo sobre os treinadores também. Esse período em casa tem sido legal para dar uma 'geral' nas coisas e ver o tanto de história bacana que temos. Tenho alguns planos para o futuro", destaca o comentarista.
Apesar do maior tempo em seu apartamento no bairro Água Verde, Valmir não dispensa uma boa caminhada pela região onde mora. "Não deixei de caminhar. Coloco um agasalho, uma máscara e dou uma andada por aí. Faz uns 40 anos que faço condicionamento físico e não dá pra ficar parado", diz Valmir, que é pai do preparador físico Robson Gomes, ex-Coritiba.
Quem também não tem deixado de lado os exercícios físicos é o ex-técnico Levir Culpi. Com 67 anos, o curitibano anunciou a sua aposentadoria do futebol no fim do ano passado e já vinha ficando mais em sua residência desde então. "Acho importante que todos permaneçam em casa. Tenho procurado cuidar da saúde, faço esteira e tenho acompanhado jogos mais antigos", destaca o ex-técnico, que acumulou passagens por Athletico, Coritiba e Paraná.
Paralisação importante
A saudade do futebol é grande. Por conta da pandemia do coronavírus, praticamente todos os campeonatos esportivos foram paralisados. Pausa que é considerada de fundamental importância para todos eles.
"Não tinha como tomar outra atitude a não ser parar os campeonatos. Foi o caminho certo a ser feito. Pode ser que ao fim de tudo isso, o futebol possa voltar primeiro com os portões fechados. Vai depender muito de quando vão liberar as atividades", destaca Nivaldo Carneiro, ex-jogador do Athletico e atual presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado do Paraná.
Com 64 anos, o ex-atleta também teve a sua rotina de trabalho alterada nos últimos dias. "Estou vivendo praticamente só dentro do apartamento. Saio muito pouco. Dou umas três, quatro voltas em uma praça aqui perto e volto. Não é fácil", frisou.
A expectativa é que a paralisação sirva para mudar algumas situações no futebol. "Esperamos que essa pausa sirva também para alterar alguns pontos importantes, como número de jogos e valores de jogadores", concluiu Valmir Gomes.