Antes mesmo de começar a competir no Pan-Americano, muitos dos atletas que representarão o Brasil já chegarão suados ao Rio de Janeiro. O motivo da fadiga antecipada está no calendário, pois, diferentemente de uma Olimpíada (que mobiliza confederações e interrompe os calendários de disputas internacionais), o Pan rivaliza com diversos campeonatos concomitantes ao grande evento esportivo das Américas.
Assim, com um olho mirando as medalhas do Pan e outro buscando pontos preciosos em seus rankings (alguns dos quais valendo vagas para os Jogos de Pequim-2008), muitos atletas terão de se submeter à dura maratona de treinos, competições, aeroportos e horas de vôo em um prazo mais exíguo que o de costume, chegando em cima da hora na Cidade Maravilhosa.
Exemplos são a dupla masculina de vôlei de praia, Ricardo e Emanuel, que no começo de julho devem disputar a etapa da França do Circuito Internacional; a tenista Teliana Pereira, que ainda participará de três torneios na Europa antes do Pan; o time de vôlei masculino, que terminará a Liga Mundial com os Jogos já em andamento; a velejadora Patrícia Castro, que está em Portugal disputando o Mundial e chegará ao Rio no dia da cerimônia de abertura do Pan; e a ciclista Jaqueline Mourão, que, a apenas 13 dias da sua estréia nas trilhas cariocas, participará de uma etapa da Copa do Mundo de Mountain Bike no Canadá.
Segundo José Roberto Perillier, gerente geral do departamento técnico do Comitê Olímpico Brasileiro e sub-chefe de missão nos Jogos, os atletas de alto rendimento devem estar cada vez mais habituados a conviver com o aperto dos calendários em função das competições da sua modalidade.
Para ele, o problema não deve interferir no desempenho brasileiro nos Jogos porque afeta também os concorrentes. "Como se tratam de importantes torneios internacionais, os principais adversários dos atletas brasileiros também estarão competindo às vésperas do Pan", ressalta o dirigente. Ele deixou claro que, apesar das datas conflitantes, todos os atletas têm o evento no Rio como prioridade. "Para este ciclo olímpico priorizamos a disputa do Pan de uma forma muito estudada."
De acordo com Perillier, quem souber lidar melhor com o entrave dos prazos apertados terá vantagem. É o que tenta fazer o técnico do vôlei masculino Bernardo Resende, que poupou muitos dos titulares na fase classificatória da Liga Mundial.
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