A notícia de que organizadores de corridas de rua decidiram afastar as provas no Centro de Curitiba gerou reclamações dos participantes do esporte. Nas últimas semanas, a Gazeta do Povo recebeu dezenas de e-mails de corredores reclamando da medida adotada.
Alguns até mandaram cópias de e-mails enviados à Prefeitura de Curitiba, que através da Secretario de Esporte e Lazer (Smel) organiza um dos mais tradicionais circuitos de corrida da cidade. De acordo com a prefeitura, Diretoria de Trânsito do Paraná (Diretran-PR) e demais organizadores, a opção em afastar as provas da região central tem como principal objetivo zelar pela segurança do próprio corredor. No Centro, com o elevado número de carros circulando e nos cruzamentos, seria grande a chance de um acidente acontecer.
No entanto, os participantes que entram em contato com a redação, se apóiam em exemplos de cidades grandes, como São Paulo, para manter em pé a tese de que as provas na região central não são responsáveis por problemas de trânsito. Participei de uma maratona em São Paulo e pude ver que é possível bloquear as ruas uma quadra antes do percurso da corrida, em nenhum momento vi gente e motoristas estressados com os atletas. Estou falando de uma maratona, o que quer dizer que uma corrida de 10 quilômetros é fácil de controlar", considera a corredora Telma Quintanilha.
Outro problema apontado pelos participantes é a falta de motivação. Com provas em locais distantes e sem estrutura necessária o interesse em participar das corridas tende a cair drasticamente. "No mundo inteiro as corridas de rua são incentivadas. Agora Curitibaquer um retrocesso e agir de forma insana.", avalia advogada Patrícia Regina Piasecki.
Segundo levantamento da Smel, em 2009, nas seis etapas do Campeonato Adulto de Corridas de Ruas (corridas de 10 quilômetros), duas corridas de revezamento (uma com 24 km outra com 91 km) e a Maratona de Curitiba (42 km), tiveram a participação de aproximadamente 22 mil pessoas inscritas. "Acho que ficará bem complicado para os atletas. Pois muitos lugares serão longe e não oferecem uma estrutura adequada para comportar um grande número de atletas, como estacionamento e segurança para veículos, também o fato de a maioria das ruas de Curitiba são de anti-pó e sabemos que as condições não são nada favoráveis para a prática da corrida, devido à irregularidade do piso e buracos", comenta Lucio Mario Milczevski, contador.
De acordo com a Diretran, responsável pelo gerenciamento do trânsito, com o aumento anual de participantes e carros nas ruas centrais,existe a recomendação de sejam utilizadas vias com menor interferência no trânsito, para segurança dos atletas. "Uma das alternativas que vem sendo discutida é a ampliação do número de provas realizadas em parques públicos e vias em suas imediações. As vias do anel central são evitadas, pois todo cruzamento semaforizado necessita da orientação de agentes de trânsito ou policiais do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar e isto ampliaria o efetivo necessário para o acompanhamento da prova", avalia Josiel Martins, da Unidade de Operação de Trânsito do Diretran.
Apesar dos argumentos de atletas, as cinco etapas do circuito de corrida de rua da Smel serão realizadas nos bairros. A única exceção é a Maratona de Curitiba, em novembro, que terá largada e chegada no Centro Cívico.