A Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês) divulgou ontem os motivos que levaram o seu painel de árbitros a manter a advertência imposta pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) aos nadadores brasileiros Cesar Cielo, Henrique Barbosa e Nicholas dos Santos. Com a decisão da máxima instância da justiça desportiva, anunciada no dia 21 de julho, Cielo foi liberado para disputar o Mundial de Esportes Aquáticos, em Xangai, na China.
No relatório final do julgamento, a CAS atribui o caso de doping à contaminação do suplemento alimentar manipulado pela farmácia Anna Terra, de Santa Bárbara dOeste (São Paulo). Segundo a corte, a proprietária do estabelecimento admitiu que preparou medicamentos à base de furosemida, substância flagrada no exame antidoping, para clientes com doenças cardíacas no mesmo dia em que produziu as cápsulas de cafeína consumidas pelos nadadores.
Para a CAS, a convicção de que os atletas não foram culpados foi reforçada pela constatação de que a cafeína analisada pelos laboratórios era pura, sem a mistura de outras substâncias. Além disso, as amostras de urina mostrariam que a furosemida não teria sido utilizada para mascarar outros agentes. "A concentração de urina dos atletas era normal e não estava diluída, o que significa que a furosemida não pode ter sido utilizada", registrou o relatório.
Contribuiu ainda para a decisão final da CAS a atitude dos atletas, que comprovaram como a substância foi ingerida. "A substância furosemida foi detectada nas pílulas de cafeína restantes encontradas no frasco de pílulas dos atletas", argumentou a corte.
Diante destas constatações, o CAS chegou à conclusão de que a ingestão da substância não teve por objetivo "melhorar o desempenho do competidor". Por esses motivos, foi decidido enquadrar o caso no Artigo 10.4 das Regras de Controle de Doping da Federação Internacional de Natação (Fina) e do Código Mundial Antidoping. O artigo prevê punição que varia de uma advertência até suspensão por dois anos.
Em Xangai, Cielo venceu os 50 m borboleta, e já garantiu vaga na final dos 50 m livre, hoje obteve o segundo melhor tempo, atrás apenas da surpresa brasileira Bruno Fratus. Cielo, contudo, decepcionou nos 100 m livre, ficando em quarto lugar.
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