Barras de ferro, pedaços de pau, cadeiras em abundância e muita sujeira. Na tarde desta segunda-feira, funcionários do Coritiba ainda contabilizavam os estragos que a partida com o Fluminense causou ao Estádio Couto Pereira. Alguns trabalhando desde às 8 horas da manhã, eles tentavam esconder, ou pelo menos atenuar, o rastro de destruição que a queda para a Série B proporcionou ao centenário clube da capital.
Estava difícil. Dois carrinhos cheios, um com pedaços de ferro e de madeira de vários tamanhos, outro com cadeiras alviverdes -- e também pedaços delas -- circulavam pelo gramado.Nas arquibancadas, alguns alambrados totalmente envergados formavam ótimos atalhos até o campo. Catracas arrancadas das entradas estavam jogadas no chão de cimento do estádio. Chinelos, camisas e bonés também estavam lá. Os cartuchos das balas de borracha atiradas pelos policiais eram encontrados com certa facilidade, bem como os restos de um capacete de um PM. Pouca coisa ficou intacta.
"Acho que já recolhemos umas mil cadeiras. Nunca tinha visto coisa igual", disse um funcionário que não quis se identificar, bem ao lado de uma enorme pilha de assentos arremessados para dentro das quatro linhas.
Fileiras inteiras de cadeiras simplesmente sumiram do setor Mauá. Outras, em menor quantidade, que estavam faltando das sociais, podiam ser encontradas ao lado do banco de reservas.
O clube ainda não fechou o balanço completo do prejuízo. Segundo informações da RPC TV, estima-se que a conta fique em torno de R$ 500 mil - R$ 80 mil só para repor as cadeiras danificadas.
Algumas lanchonetes também foram destruídas. Em uma delas, em meio à duas geladeiras depredadas, funcionários tentavam salvar o que restou. A grade que fechava a loja virou escudo contra os tiros da PM, dizia o responsável pelo estabelecimento, que preferiu seguir anônimo. Sua mulher, por outro lado, lamentava o assalto sofrido durante a confusão.
"Terrível. Eles colocaram camisas do Coxa no rosto e invadiram. Falavam que queriam dinheiro. Primeiro entraram três, depois veio uma 'renca'. Nós só corremos", contou, enquanto tentava limpar a imundice do local.
"Quando a Império desceu e começou a pular o fosso foi um caos. Até nossos potes foram parar lá dentro", completou.
Nem a sala da presidência foi poupada. Ela e outra anexa foram usadas como rota de fuga para um grupo de vândalos. Nada ficou no lugar. No entanto, quando a reportagem visitou o local, ela já estava arrumada e cheirando a produtos de limpeza.
Somente a placa que alertava os torcedores para não atirarem objetos no campo não foi tocada. "Pena: Interdição do Estádio". Foi o que aconteceu.
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