Após reencontro, jogadores reverenciam a torcida
Marcos Xavier Vicente
O retorno ao Couto Pereira com vitória por 2 a 0 contra a Portuguesa mostrou o valor do apoio da torcida ao elenco do Coritiba. Ao ponto de os jogadores considerarem o retorno do exílio forçado um recomeço não só na Série B do Brasileiro, mas na própria história do clube.
"É um recomeço para apagarmos tudo de ruim que aconteceu. E a gente estava sentindo muita falta desse calor da torcida. Saber que o torcedor está junto com a gente ajuda muito na auto-estima de todos os jogadores", avalia o goleiro Édson Bastos, um dos remanescentes do elenco que caiu à Série B ano passado.
O objetivo do grupo é aproveitar a mobilização dos torcedores não só para se manter no G4 até o fim da competição, mas principalmente para ir em busca do título. Para isso, avalia o zagueiro Pereira, que também estava no elenco de 2009, o Alto da Glória fará toda a diferença.
"Tenho certeza de que com o torcedor comparecendo dessa forma, com 30 mil pessoas na arquibancada, o Couto Pereira vira um caldeirão e o time fica ainda mais forte", enfatiza Pereira, que cumpre suspensão pelo terceiro amarelo no próximo jogo, terça-feira, contra o Brasiliense, em Taguatinga.
O técnico Ney Franco considerou a vitória contra a Portuguesa como um reconhecimento pela dedicação da torcida. Durante a semana, o comandante alviverde passou imagens editadas de fãs lamentando derrotas do Coxa para mostrar ao elenco o peso do clube na vida dos torcedores e a importância da volta ao ao Couto Pereira.
"Não se faz futebol sem torcedor. Nada é pior para um time do que jogar em um campo vazio. E todo time vitorioso sempre tem uma torcida por trás. Por isso, podemos fazer do Couto um caldeirão", confia Franco.
O treinador quer continuar contando com esse apoio até o fim da jornada na Segunda Divisão. "O torcedor nos ajuda muito, porque só o fato de ele reclamar de uma marcação errada do juiz já faz com que o jogador não precise se desgastar em discutir com a arbitragem", ilustra.
O dia da volta para casa foi especial para cada coxa-branca. Motivo de festa, apoio incondicional, emoção... Mas estava implícita a obrigação de uma vitória sobre a Portuguesa. E ela veio, não sem algum sofrimento no nervoso primeiro tempo. No segundo, após a adrenalina baixar um pouco, o Coritiba passou por cima, fez 2 a 0 e mostrou que o Couto Pereira, de fato, faz a diferença.
De camisa nova o terceiro uniforme, lembrando a bandeira do Paraná , o Alviverde estreava Tcheco. Porém nem a experiência do meia foi capaz de dar ao time a calma necessária para aproveitar, de cara, a vantagem de jogar em seu reduto.
Afoitos para mostrar serviço, os jogadores coxas erravam passes e entravam seco nos adversários, tomando o drible facilmente ou fazendo faltas. Bem posicionada, a equipe paulista dominou o jogo até o intervalo. "O adversário está um pouco nervoso", dizia o meia Marco Antônio, da Lusa. "É por causa da torcida. A cobrança está em cima deles. Eles é que têm de vencer."
Mas os torcedores, pacientes como nunca, não soltaram a vaia típica de quando o time joga mal. Muito menos pegavam no pé de jogadores que erravam, como o lateral-direito Ângelo. Assim, o trunfo da Portuguesa ruiu nos vestiários. "Ficamos até um pouco preocupados. Mas o Ney Franco falou para a gente ter calma e tocar a bola que iríamos melhorar", contou o atacante Leonardo.
Não só o time melhorou na segunda etapa, como passou a massacrar em busca do gol. Ele viria exatamente com Leonardo, aos 14 minutos, limpando a marcação na área e batendo cruzado. "Estou impressionado. Fiquei emocionado quando fiz o gol, e bem do lado que fica a torcida que não pára de pular. Você fica até meio cego no momento. O Coritiba não pode ficar na Segunda Divisão", discursou o artilheiro.
Na jogada, ponto para Ney Franco. Vendo os espaços na direita, mal aproveitados por Ângelo, ele sacou o lateral e deslocou o meia-atacante Rafinha para o setor. Foi do baixinho o belo passe por elevação para Leonardo.
O adversário já parecia não ter mais forças para lutar contra todo o cenário armado para uma vitória alviverde. Para a tensão se transformar de vez em comemoração, Léo Gago acertou a gaveta em uma cobrança de falta aos 41 minutos. "A obrigação era nossa. Para a torcida poder fazer festa antes e continuar depois do jogo", disse o zagueiro Pereira.
Não fosse a vitória do Bahia sobre a Ponte Preta, de virada, fora de casa, o Coritiba teria assumido a liderança empatado com os baianos, perde no saldo de gols. Apenas um detalhe para quem esteve ontem no Alto da Glória e saiu com a certeza do retorno à Série A. Mesma expectativa de Ney Franco: "A volta [ao Couto Pereira] não dá certeza da subida. Mas se todos no clube mantiverem essa postura, estaremos bem perto de coroar o nosso trabalho com o acesso."
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