As credenciais são os troféus dos jornalistas esportivos. E se o desejo de ser esportista acabou barrado pela falta de habilidade, ou ainda, foi desviado pela vocação da reportagem, a presença numa cobertura especial é a realização.
Abaixo, as nossas credenciais mais marcantes, da editoria de Esportes da Gazeta do Povo e da Tribuna do Paraná.
Emoção sob o hino do Chile
Robson Martins, editor
Nunca vou esquecer o dia 13 de junho de 2014. Após uma expectativa gigantesca, estava prestes a cobrir o meu primeiro jogo de um Mundial. O Chile enfrentava a Austrália, na Arena Pantanal, quando as caixas de som interromperam a gravação e o estádio praticamente inteiro complementou, a capela, o hino chileno. Neste momento tive a sensação única de participar de uma Copa do Mundo.
A Gazeta do Povo espalhou repórteres por todo o país para cobrir aquela Copa e eu fui para Cuiabá. Vivi outras experiências marcantes nos jogos seguintes (Rússia x Coreia do Sul, Nigéria x Bósnia e Japão x Colômbia). Conversei com pessoas do mundo inteiro e vi de perto a paixão que o mundo tem pelo futebol. Comemorei sozinho os meus 31 anos, com direito a bolo surpresa do hotel, no que acabou sendo um dos aniversários mais inesquecíveis.
Depois de duas semanas em Cuiabá, fui para Recife, onde acompanhei Estados Unidos x Alemanha e as oitavas de final entre Costa Rica e Grécia. Voltei para Curitiba, mas ainda tive a sorte de estar no Maracanã na final entre Alemanha e Argentina. Sete jogos que marcaram a minha vida e que vão fazer eu me emocionar sempre que escutar o hino chileno.
Realização a poucos metros do cage
Diogo Souza, editor
O dia que vi o tal de MMA pela primeira vez fiquei extremamente impressionado. Fui tentar a sorte ao treinar em uma época em que a porrada comia solta, não era como hoje, em que você pode fazer um trabalho para manter a forma e tal. Larguei mão. Mas, já tinha na minha cabeça que queria me aprofundar mais no esporte. Entrei no jornalismo e passei a cobrir os eventos há 12 anos.
Porém, a minha grande oportunidade só veio mesmo em 2016. Após longas temporadas de espera, o UFC, maior evento de MMA do mundo, desembarcou na Arena da Baixada, em Curitiba. A primeira vez na capital paranaense, que já é reconhecida mundialmente por ser um celeiro de grandes lutadores.
Sorte a minha poder estar em frente ao octógono. Uns poucos metros me separavam do cage. Sorte a minha poder estar em um dos maiores eventos da história da organização -- já que mais de 45 mil pessoas estavam naquele espetáculo. De lá pra cá, cobri mais alguns UFC’s pelo Brasil e até uma edição no Uruguai, mas, nada me marcou mais do que aquele na nossa Curitiba.
Lembranças solitárias de Londres
Adriano Ribeiro, editor
Comecei na editoria de Esportes da Gazeta do Povo em 2011 e no ano seguinte fui escalado para a primeira cobertura internacional: a Paralimpíada de Londres. É o evento que me traz as melhores lembranças.
Diferentemente de outras coberturas que viriam pela frente, nessa viajei completamente sozinho. Era o correspondente único do jornal. E o receio de não dar conta? O nervosismo era grande, mas deu tudo muito certo.
A Paralimpíada teve uma organização impecável, competição em um patamar inédito e me proporcionou contar e publicar histórias marcantes que me dão muito orgulho até hoje.
Sonho realizado em casa
Ricardo Brejinski, editor
Ao falar sobre a minha credencial mais especial não tem como ser outra que não a da Copa do Mundo de 2014. A confirmação de que ela estava aprovada veio só no último dia possível. E poder cobrir quatro jogos de uma Copa do Mundo, além dos treinos da Espanha, no CT do Caju, foi um marco pra minha carreira, afinal era um sonho sendo realizado.
Uma cobertura diferente, uma experiência inesquecível e que teve um sabor especial. Até o final de 2013, a Tribuna não iria cobrir o Mundial in loco. A mudança de planos veio apenas em fevereiro de 2014, quando se decidiu por fazer a cobertura local. E tive a oportunidade de entrevistar grandes nomes e mostrar pra mim mesmo que tinha capacidade para um evento tão importante.
Tive outras coberturas incríveis, como quando com menos de dois anos de formado pude fazer a preparação do Brasil para a Copa do Mundo de 2010 no CT do Caju, estar em duas grandes finais de Copa do Brasil e viajar pela Libertadores. Mas uma Copa do Mundo, de fato, não tem comparação.
Orgulho ao lado do ídolo de infância
Cristian Toledo, blogueiro
Cobrir a Copa do Mundo foi emocionante, mas profissionalmente o momento mais importante da minha carreira foi participar das transmissões da Rede Globo na Libertadores de 2017.
Os dois jogos entre Athletico e Flamengo foram transmitidos para todo o País, uma responsabilidade enorme, mas também um orgulho enorme de ter realizado um sonho de criança de participar de uma cobertura deste porte. E ainda ao lado do Júnior, um dos meus ídolos de infância.
A história do futebol às margens do Rio da Prata
Juliana Fontes, repórter
Para mim cada jogo é especial e tem uma história digna de ser escrita para sempre. Até mesmo aqueles embates em campinhos de várzea nos trazem momentos que podem ser apreciados como únicos. Por isso, desde os jogos do Campeonato Paranaense até as competições internacionais me fazem vibrar de emoção. Fico extasiada cada vez que entro nos estádios para a cobertura de mais uma "peleja".
Entre as experiências que tive o privilégio de ter nesses dois anos e meio de grupo GRPCOM uma, em especial, ficará guardada em minha memória. A final da Recopa Sul-Americana, entre Athletico e River Plate, no imponente Monumental de Núñez, em Buenos Aires, na Argentina. Então o campeão da Sul-Americana contra o "dono" das Américas, que tinha erguido nada mais nada menos que o "caneco" da Libertadores.
O Rubro-Negro havia vencido por 1x0 o jogo de ida, na Arena da Baixada e chegava "grande" para a decisão. O Furacão tinha vencido por 3x0 o gigante Boca Juniors semanas antes, e este seria mais um motivo para acreditar no título. Quando entrei no quase centenário Antonio Liberti, para acompanhar o reconhecimento do gramado, tremi. Olhei o colorido e imenso mural pintado em uma das paredes, passei por um corredor repleto de títulos e tudo isso me fez entender de forma palpável o quanto o River é poderoso.
No dia do jogo, em 30 de maio de 2019, uma multidão apaixonada pelos donos da casa contra um bom número de atleticanos que foram prestigiar, acreditando que mais um título internacional estava perto. Setenta mil vozes empolgadas que tornavam minimamente quente aquela noite gelada de vento cortante que vinha direto do Rio da Prata. Não foi dia do Paranaense e o River fez valer a força que tem em casa. Venceu por 3x0. Apesar de o título não ter vindo para o Athletico, pude presenciar um importante capítulo da história do futebol de nosso estado. Está escrito.
O gramado de Pelé inteiro nosso
Julio Filho, editor
O relógio já passava da meia noite quando o presidente do Athletico, Luiz Sallim Emed, terminava de conceder entrevista aos jornalistas curitibanos na Vila Belmiro após a eliminação para o Santos, nas oitavas de final da Libertadores de 2017.
Comandado por Fabiano Soares, o Athletico havia sufocado o Peixe. Mas uma noite inspirada do goleiro Vanderlei e um contra-ataque finalizado pelo atacante Bruno Henrique selaram a queda rubro-negra. Era o fim de uma cobertura inesquecível.
Naquele ano, o Athletico começou com Paulo Autuori no banco e passou por Millonarios-COL e Deportivo Capiatá-PAR, nos duelos eliminatórios, para depois avançar em grupo que tinha Flamengo, San Lorenzo-ARG e Universidad Católica-CHI.
O jogo decisivo contra os chilenos, aliás, foi espetacular. Um 3 a 2 memorável em Santiago. Pude cobrir in loco, pela Gazeta do Povo, todas as partidas fora de casa, com exceção do duelo em Buenos Aires. De férias, fui substituído na ocasião pelo colega Fernando Rudnick.
Então, enquanto atravessávamos, já na madrugada, o campo da Vila Belmiro, a sensação era de dever cumprido. E, como prêmio, a imprensa curitibana ganhou um momento só seu: naquela madrugada silenciosa, o mítico gramado de Pelé, por um instante, se tornou inteiro nosso.
O clima olímpico: na TV e nas tribunas de imprensa
Fernando Rudnick, repórter
Dizem que o mundo é separado em dois grupos. O primeiro prefere a Copa do Mundo. O segundo, as Olimpíadas. Minha credencial mais especial nesses quase 11 anos de Gazeta do Povo deixa bem claro à qual turma pertenço.
Apesar de o futebol ser meu esporte preferido, as Olimpíadas me fascinam desde 1992. Aos oito anos de idade, fiquei preso em frente à televisão vendo os Jogos de Barcelona. Pela primeira vez, tive contato com esportes que nem sabia que existiam. Descobri o que era o “clima olímpico”.
E aí, 24 anos depois, passei quase um mês no Rio de Janeiro como enviado especial da Gazeta do Povo, ao lado dos colegas Adriano Ribeiro, Albari Rosa e Marcos Xavier Vicente para cobrir os Jogos. Vi de perto a conquista da medalha de ouro no futebol, feitos históricos de Usain Bolt e Michael Phelps. Estava no Engenhão quando Thiago Braz saltou 6,03 m, o ouro mais improvável do Brasil em 2016. Me realizei e, ao mesmo tempo, comprovei que o clima olímpico que havia visto pela TV realmente existe.
Minha primeira viagem, o primeiro título do Athletico
Daniel Malucelli, editor
Junior x Athletico foi o jogo mais especial que cobri por vários motivos. Foi minha primeira cobertura internacional pela Gazeta e também a primeira vez que viajei para fora do Brasil.
Cobri a campanha inteira do Athletico na Sul-Americana, todos os jogos na Baixada e a semifinal contra o Fluminense, no Maracanã. Foi especial também porque era um momento decisivo no clube. Havia um clima de expectativa grande pela conquista do primeiro título internacional. A confiança era enorme.
Foram 7 dias de cobertura ao lado do fotógrafo Albari Rosa, grande parceiro de coberturas. Também trabalhei no jogo de volta, mas escolhi o jogo em Barranquilla por representar o conjunto das finais. A semana de cobertura com certeza é inesquecível.
Série Melhores Livros de Futebol
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Série Jogos Incríveis
- Paraná x Coritiba, 1995: O tricampeonato paranaense do Tricolor
- Athletico x São Caetano, 2001: O jogo que uniu Alex Mineiro e Galvão Bueno
- Brasil x Itália, 1982: A tragédia do Sarriá ainda é um pesadelo impossível de acontecer
- Brasil x Suécia, 1958: Muito mais do que o golaço de Pelé (que não foi por acaso)
- Brasil x Argentina, 1990: contra volantes e zagueiros, a vitória da paciência e da fé em Maradona
- Brasil x Itália, 1994 – Um jogo bem melhor do que você lembra. E Pelé, o “profeta”
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