Longe das bombas, tiros de borracha, polêmicas e debates políticos, o esporte paranaense também administra o golpe sofrido com a crise nos cofres do estado. No movimentado ano que antecede a primeira Olimpíada realizada no país, o principal programa de incentivo do esporte local está interrompido. O Talento Olímpico do Paraná (TOP 2016) transferiu sua última parcela a 1.500 bolsistas em dezembro. Após cinco meses não há uma data exata para a retomada do pagamento.
“Toda essa dificuldade financeira do estado afeta o projeto e atrasou o repasse. Sempre que existe uma crise há a redução de recursos. Desde que terminou no ano passado até agora não há este valor liberado”, admite o secretário de Esporte e Turismo do estado, Douglas Fabrício.
Criado em 2011, o programa incentiva financeiramente jovens atletas com potencial para disputar os Jogos Olímpicos de 2016 e de 2020, em Tóquio. Até 2014 eram 1.500 atletas, paratletas e técnicos bolsistas, com investimentos de R$ 10 milhões.
Além do apoio financeiro, o programa inclui um processo de capacitação dos atletas e técnicos, com a realização de cursos e avaliações.
Prefeitura segue caminho oposto
Lançada em 2002, a Lei Municipal de Incentivo ao Esporte tem previsto para 2015 um aporte de recursos de R$ 2 milhões, contemplando 363 projetos. No alto rendimento, entre os principais nomes integram o programa a esgrimista Athos Schwants – que também está no Top 2016 estadual –, o nadador Henrique Rodrigues e a tenista Teliana Pereira, que participa com projetos desde a aprovação da lei. No desposto paraolímpico os principais representantes são os mesatenista Claudiomiro Segato e Maria Luiz Pereira Bastos.
“A diferença do nosso projeto é que o recurso já existe. É destinado por empresas civis sem fins lucrativos e com imóvel em Curitiba que repassam parte do valor do IPTU [Impostos Predial Territorial Urbano] para os projetos aprovados”, explicou diretor do Incentivo ao Esporte e Promoção Social da Secretaria Municipal de Esporte Lazer e Juventude (SMELJ), Antônio Cândido de Medeiros Junior.
A Lei tem um controle rigoroso na prestação de contas e exige dos participantes também uma contrapartida social como, por exemplo, a mobilização em campanhas de arrecadação de alimentos, doação de sangue e palestras por parte dos atletas.
O modelo curitibano foi usado como base para a elaboração da lei de incentivo federal. (ALM)
Na última edição, as cotas do Top 2016 eram de R$ 150 a R$ 3 mil. Pacote que fez o governador Beto Richa definir, no lançamento da temporada passada, o programa como de “referência nacional”. Valores que fazem falta na preparação dos atletas.
“Tivemos uma reunião com o secretário. Eles estão vendo a questão da verba no orçamento. A previsão é de que recomece em julho, agosto, um ano antes dos Jogos. É uma pena. Esperávamos que o Brasil estivesse em outro estágio tão perto da Olimpíada. A gente luta há tantos anos para representar o país e o jeito é fazer como dá”, lamentou Daniel Jorge da Silva, do vôlei sentado. “O jeito é segurar o máximo possível para não gastar. Usava a bolsa para minha manutenção, alimentação. Já deixei de comprar um suplemento melhor para usar um mais barato.”
Ele é o único atleta paralímpico a receber o teto (categoria Top Olimpo). Já é certo que irá ao Parapan de Toronto, em agosto, sem o suporte da bolsa.
O mesmo vale para quem estará no Pan, um mês antes. Caso do velejador olímpico Bruno Fontes. Ele briga com Robert Scheidt tanto pela vaga para Toronto como para a Rio-2016 e, diante dos desdobramentos do ajuste fiscal pretendido pelo Palácio Iguaçu, já imaginava que o aperto de cinto atingiria o esporte.
“Se a situação da educação está assim no Paraná, já imaginava que o esporte ia ter de esperar. Claro que a gente sente muita falta, ainda mais chegando em uma reta final, onde as seletivas vão se afunilando e o investimento pesa mais”, afirmou o velejador olímpico Bruno Fontes.
“Fico ainda mais triste porque eu sou muito grato pelo apoio que tive do estado. É um dos melhores programas que existe porque ele dá uma liberdade maior para o investimento do dinheiro”, disse.
Segundo o secretário estadual, o aperto antecede a crise econômica do país. Começa no orçamento da pasta. “Nossa secretaria, que envolve o Esporte e o Turismo, tem uma fatia muito menor do orçamento. Não chega a 0,5%”, justificou o secretário. Dos R$ 44,2 bilhões previstos no orçamento de 2015, a secretaria receberia R$ 220 milhões.
Os outros atletas que integram principal categoria de bolsas e equilibram a redução no orçamento às vésperas da Olimpíada são Emanuel, do vôlei de praia, o esgrimista Athos Schwantes, os velocistas José Carlos Gomes Moreira e Lucimar Teodoro e as ginastas Ethiene Franco, Harumy de Freitas e Daniele Hypólito.
Aumento
De acordo com a Secretaria de Esporte e Turismo, a intenção é aumentar o número de atletas contemplados com o Top 2016 de 1.500 para 1.600 atletas e elevar o valor máximo das bolsas Top Olimpo, destinada aos atleta de ponta de R$ 3 mil para R$ 4 mil. “Os trâmites burocráticos estão um pouco lentos, mas estamos acompanhando todo o processo com a Copel e a Sanepar, que são nossas parceiras. A nossa intenção, inclusive, é aumentar o projeto”, justificou o secretário Douglas Fabrício. A previsão é de que a próxima edição do programa , que ainda não tem uma data confirmada para o início do pagamento, siga direto no início de 2016 até os Jogos, que começam em 5 de agosto, sem interrupção. “Compensaria um pouco a falta de pagamento neste início de 2015”, ponderou o responsável pela pasta.
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