Aurival Correia, o presidente do Paraná, passeia pelos 241 mil metros quadrados da sede do clube em Quatro Barras, onde está sendo construído, a toque de caixa, o Centro de Treinamentos do Tricolor. Cena que se repete constantemente. Há quem diga que o Ninho da Gralha, como é chamado o CT, é o local preferido do dirigente para fazer reflexões.
Toda semana, normalmente após uma apresentação do time, o dirigente se refugia por ali. Visita a obra, olha a progressão dos campos de futebol, vê como estão os dormitórios, refeitórios, estacionamentos, etc. Por momentos, simplesmente olha para o horizonte, que muitas vezes é o vizinho morro do Anhangava. A vista é belíssima.
Correia assumiu o Paraná em uma crise sem precedentes, há cerca de um ano. Na época, o então presidente José Carlos de Miranda havia sido afastado em meio a escândalos que o envolviam em negociações escusas, pedidos de comissões para venda de atletas, caixa 2. O novo presidente tentou, mas não teve tempo para evitar a queda à Segunda Divisão. Pior, ao manter a mesma diretoria de futebol, agora vê o clube beirando a Terceirona.
Mas ali, na Borda do Campo o bairro rural onde está localizado o terreno na cidade da região metropolitana o reino do dirigente é quase utópico. Afinal, enquanto dentro de campo o Tricolor luta para não acabar na terceira divisão do futebol nacional, fora dele está construindo um dos maiores e talvez mais modernos CTs do Brasil.
A inauguração está marcada para o dia 19 de dezembro e, fora alguma "perfumaria", estará pronto na data de aniversário do Paraná. A obra começou em maio, mas a estimativa é de que mais de 60% já esteja pronto. A rapidez se explica pelo número de operários ao mesmo tempo no batente: cerca de 100. Mas ainda há um longo caminho para chegar ao desenho do papel.
Pelo projeto feito pelo arquiteto Waldeny Fiuza (o mesmo que havia projetado a reformulação do Pinheirão, na época, para abrigar a Copa de 2014, e esteve à frente da revitalização da Vila Capanema), serão quatro prédios independentes mais área para estacionamento e os campos de futebol. A maior edificação será uma espécie de administração, com salas para dentistas, médicos, psicólogos, fisioterapeutas, mais três piscinas para recuperação de atletas. Há ainda o refeitório, com capacidade para 72 pessoas e os dois edifícios habitacionais. O primeiro, para 72 atletas, com quartos para 2 e 4 jogadores. O outro, para abrigar funcionários.
"Os quartos são maiores que os do CT do São Paulo", garante o vice-presidente de patrimônio do Paraná, René Bernardi. Ele também é um dos dois empresários que dividirá o lucro com o clube na venda de todos os atletas que forem formados na base o time profissional deverá treinar na Vila Olímpica do Boqueirão. A associação foi o que possibilitou ao clube, em situação financeira precária, estar construindo um local tão moderno.
De acordo com o arquiteto Fiuza, foram feitas pesquisas de vários centros brasileiros e estrangeiros até se chegar ao modelo do Paraná. "Pegamos um pouquinho de cada um", diz o arquiteto que teve como principal aliado o tamanho da área.
É tão grande que, na frente do primeiro dos oito campos de futebol, não se consegue ver o último. Aliás, a última pergunta antes do fim da visita e entrevista é essa: vai haver gente suficiente para ocupar tudo isso. Nem precisa.
"O maior CT do estado tem sete, né? Então, resolvemos fazer oito campos para acabar logo com isso. Foi de caso pensado mesmo", revela o presidente, que, claramente, referia-se ao Atlético contudo, pelo site do Rubro-Negro, o CT do Caju também teria oito campos.
Nada que tire, na quarta-feira, o sorriso de Aurival após a vitória de virada sobre o América, aos 48 minutos do segundo tempo. "A sorte está mudando", disse, ainda sem saber que na sexta o time bateria também o Criciúma por 3 a 1.
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