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A Olimpíada de Pequim, em 2008, marcará o fim da era mais gloriosa da ginástica artística brasileira. Independentemente do resultado, a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) perderá de uma só vez quatro nomes ligados diretamente ao sucesso da modalidade nos últimos anos: a ginasta Daiane dos Santos, o técnico ucraniano Oleg Ostapenko, a presidente Vicélia Florenzano e a supervisora Eliane Martins.

A confirmação veio na véspera da realização da superfinal da Copa do Mundo, amanhã e domingo, em São Paulo. E a justificativa de todos é mais ou menos a mesma: buscar mais tempo para poder viver a própria vida.

O motivo apontado pela Pérola Negra para a aposentadoria é o ritmo de treinamentos, no mínimo sete horas por dia, aliado ao tempo que já está na ginástica (12 anos). Em 2008 ela terá 26 anos, e quer virar treinadora de crianças especiais.

A saída de Oleg não é surpresa, está no contrato que ele assinou com a CBG. E só não ocorreu antes pois se empolgou com as novas atletas, em especial Laís Souza, e quis vê-las em uma Olimpíada. Volta com a mulher Nadja para Ucrânia, onde moram seus dois filhos. Deixa, além da lapidação de várias atletas, um conselho ao país: construir mais centros de ginástica se quiser manter o nível que atingiu.

Já as despedidas mais inesperadas são de Vicélia e Eliane. É certamente por elas que todo o resto existe. Em 2008, as duas completarão 17 anos de CBG. Deixarão a entidade com um patrimônio de cerca de R$ 1 milhão, dois bons patrocínios (Caixa e Bom Brill), crédito bancário, oito conjuntos de equipamentos espalhados pelo país e ginastas para no mínimo mais dois ciclos olímpicos (oito anos). E lembrarão com orgulho de quando a sede da entidade era em um quarto da supervisora, em bairro residencial de Curitiba.

"Naquela época, a Eliane morava sozinha e cedeu um quarto para a CBG. Não havia dinheiro. E tínhamos uma impressora tão barulhenta que fechávamos ela dentro de uma caixa de papelão e colocávamos cobertores nas janelas para não acordar os vizinhos", conta Vicélia que, mesmo com toda a história e identificação à frente da CBG, garante que seu tempo na entidade acabou.

"Sei que meu tempo acabou. Você não sabe o que são 17 anos e muitas, mas muitas noites sem dormir."

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