Temos que formar uma equipe que tenha alma, que se doe em quadra. Não basta ir bem apenas nas partes técnica e tática
Quando chegar o dia 21 de janeiro e o Clube Curitibano, enfim, entrar em quadra contra o Brusque, na sede da Água Verde, Curitiba finalmente poderá dizer que não é mais órfã de uma equipe de vôlei profissional. Após quase 14 anos sem representatividade, a cidade voltará ao cenário nacional com a disputa da Superliga B feminina. Ao lado de seis equipes, o Curitibano lutará por uma das duas vagas de acesso para a Superliga, no segundo semestre. “Será um desafio enorme”, avalia Cristina Pirv, ex-jogadora e agora uma das dirigentes do projeto do Clube Curitibano.
Tudo começou na primeira semana de dezembro. A romena e a ex-tenista Gisele Miró receberam uma proposta da diretoria para capitanearem o Curitibano-PMC – é que a instituição entrou em um acordo com a Prefeitura Municipal de Cascavel, que abriu mão da vaga na B por falta de orçamento. Era começar um time do zero, com orçamento enxuto, e resgatar a tradição do clube em competições nacionais.
O segundo passo foi ainda mais audacioso: a contratação do técnico Jorge Edson, jogador campeão olímpico em 1992, na Espanha. Nascido em Porto Alegre, Edson integrou a primeira geração de ouro do voleibol no país. Como técnico, tem passagens pela seleção brasileira feminina, Japão, Turquia e Coreia do Sul. “A Gisele me ligou e perguntou: ‘Quer trazer o vôlei novamente pra Curitiba? É um projeto de risco. Quer entrar?’ Só respondi: ‘Estou dentro’”.
Quando o técnico chegou, encontrou um trabalho de quase cinco anos nas categorias de base e uma estrutura física bem definida. “O ginásio é excelente, a academia é muito boa, o departamento médico está dentro do que é necessário para girar uma equipe profissional. E a diretoria entende de vôlei”, alega.
Os treinamentos começaram com as pratas da casa, colocadas em atividades diárias de musculação e fundamentação técnica. Logo chegaram jogadoras experientes, como Valeskinha, Flávia e Raquele, todas com passagem por clubes de ponta do voleibol nacional e internacional. “O primeiro objetivo é definir um perfil para a equipe. Depois, vamos em busca de um modelo de jogo”, reitera Edson.
Pirv e Gisele, a assessora executiva, estão em busca de parceiros econômicos e de olho no mercado, complicado em virtude da disputa da Superliga e das naturais dificuldades de contratação de jogadoras de ponta disponíveis. Até o momento, fecharam parceria com a BRH Sulflex, importante empresa de importação e distribuição de componentes hidráulicos, que será a investidora master da equipe.
O tempo é outro fator que preocupa a comissão técnica, já que o Curitibano estreia em menos de 30 dias. “Não vamos ter férias”, afirma Tatiana Ribas, auxiliar técnica de Edson.
As metas para a primeira temporada são realistas. Primeiramente, a comissão técnica quer fechar o grupo em vinte jogadoras, mesclando a força da base e a experiência de circuito. “Temos que formar uma equipe que tenha alma, que se doe em quadra”, analisa Edson.
Para a ponteira Raquele Lenartowicz, vice-campeã mundial juvenil pela seleção brasileira e com passagens pelo Osasco e Uberlândia, a equipe precisa estar preparada para as exigências físicas e psicológicas da competição. “É hora de todas ganharem condicionamento. E espero contribuir com a minha experiência para esse elenco mais jovem desenvolver toda a capacidade que tem”, afirma.
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