"Já temos autódromo. Agora, é mantê-lo", comemorava a manchete da Gazeta do Povo de 9 de outubro de 1989, dia seguinte à primeira prova da Stock Car em Curitiba, categoria que pelo 20º ano desembarca na cidade para a prova de amanhã, no mesmo Autódromo Internacional.
Mais do que ter um grande evento, os curitibanos comemoravam a volta de um espaço importante. "Vieram umas 50 mil pessoas", lembra o idealizador da corrida, o ex-piloto Paulo de Tarso, que se aliou ao proprietário do circuito, Flávio Chagas, para tocar a reforma e convencer a associação dos pilotos então organizadora do campeonato a trazer uma etapa para cá.
Para quem estranha o público estimado atualmente a capacidade é de cerca de 30 mil pessoas , o próprio Tarso explica. "Naquela época ficava todo mundo no barranco. E muita gente não entrou. Se amontoaram ali na linha do trem mesmo. De manhã o congestionamento já era imenso. Não passava pela nossa cabeça que viesse tanta gente."
Depois de dividir com São Paulo as principais provas nacionais nos anos 60 e 70, o circuito estava desativado há mais de uma década. No início de 89 se resumia a asfalto deteriorado e mato. "Nem acreditei quando cheguei e estava pronto. Há três meses vim a Curitiba e pensava que não iria sair mesmo", declarou Chico Serra, logo após vencer a histórica prova.
Entre os 22 pilotos que largaram com seus Opala Cupê, ele é o único que estará em ação amanhã, aos 52 anos. O segundo colocado Ingo Hoffmann que se tornaria o maior vencedor em Curitiba, com nove triunfos se aposentou no fim do ano passado. Paulo de Tarso, hoje chefe da equipe Action Power e pai dos pilotos Thiago e Tarso Marques, abandonou com problemas mecânicos.
Na ocasião, as barreiras de proteção eram de concreto e os boxes pré-moldados além do governo, os principais apoiadores da reforma foram os "finados" Banco Banestado e Lojas HM. Hoje, depois de outra grande reformulação, o autódromo é considerado por muitos o mais moderno do país. "E jamais deixamos de receber a Stock, com duas ou até três provas por ano", comemora Paulo de Tarso. Valeu o apelo da manchete da época.