Quando nocauteou Lyoto Machida no primeiro assalto do UFC 113, há uma semana, o curitibano Maurício Shogun Rua não conquistava apenas o cinturão dos meio-pesados do principal campeonato de artes marciais mistas (MMA) do mundo. O título no Ultimate Fighting Championship (UFC) oficializou Curitiba, terra natal do lutador, como a principal exportadora de campeões do torneio.
Pela primeira vez desde 1997, quando foi criada a divisão de categorias, a mesma cidade ostenta simultaneamente dois cinturões da competição Anderson Silva, paulista de nascimento, mas radicado no Paraná há 31 anos, é o melhor entre os médios desde 2006.
"Curitiba realmente é um polo das artes marciais", decreta Rudimar Fedrigo, secretário de esportes do município e ex-treinador dos campeões. "A cidade é respeitada não só aqui, mas no mundo inteiro, e em diversas modalidades. Vi os dois iniciando e hoje eles estão no topo", completa o antigo mestre da academia Chute-Boxe, ressaltando a proeza de seus discípulos.
Conseguir colocar o nome da capital paranaense na vitrine do UFC realmente não é um feito simples. Os brasileiros Murilo Bustamente e Vitor Belfort, ambos do Rio de Janeiro, também ganharam o título, porém, em anos diferentes (2002 e 2004).
Atualmente, além de Curitiba, as cidades americanas de Mineápolis e Tom Rivers e a canadense Montreal podem se orgulhar de ter um cinturão desse calibre. Das cinco categorias do torneio, portanto, duas são dominadas por atletas formados no Paraná.
"Com certeza isso é um motivo de muito orgulho pra mim. Curitiba sempre formou grandes lutadores, como o Wanderlei Silva, meu irmão Murilo Ninja. O Anderson Silva e eu estarmos como campeões do UFC é incrível", comemora Shogun. "A cidade sempre foi celeiro de grandes atletas, é referência. Muita gente saiu daqui e despontou para o mundo, isso é muito legal", emenda Anderson Silva, considerado o melhor lutador peso por peso do mundo.
Para Shogun, a paixão pelas artes marciais já é algo nato do curitibano. A tradição do Muay Thai local, aliado à existência de ídolos "pratas da casa" no esporte, é responsável pelo aparecimento contínuo de atletas. O clima característico da cidade, na opinião dele, também ajuda na renovação.
"Acho que por causa do frio e da falta de praia, a galera vai pra academia treinar. Acho que a tradição já vem sendo passada há muito tempo e temos grandes professores na cidade, o que facilita o desenvolvimento dos atletas", opina o lutador de 28 anos.
O desafio de manter a capital do Estado no topo, no entanto, será tarefa mais complicada do que colocá-la em destaque. Sabendo da dificuldade, Shogun promete dedicação total para continuar como campeão. Invicto há quatro anos, Anderson Silva, dá a dica de como fazer isso se tornar realidade.
"O conselho que eu posso dar é para ele continuar treinando forte, focar cada vez mais e fazer com alegria. Ele é um garoto ainda, tem muito talento e pode conquistar muito mais", afirma o "Aranha", que apesar de ter treinado com Shogun, é torcedor de Machida, a quem considera "um irmão".
"Quando você é o campeão todos querem te derrotar e estudam seu jogo, afinal de contas, todo atleta que chegar no topo. Isso não me assusta", diz Shogun. "Vou fazer a minha parte, que é trabalhar sério com a minha equipe, a UDL, e estar sempre bem preparado para os desafios. Nunca escolhi adversários, e não vai ser agora que vou começar", fecha o curitibano, preparado para iniciar a nova batalha.
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