Marlos - com Pedro Ken ao fundo - está confirmado entre os titulares| Foto: Rodolfo Bührer / Gazeta do Povo

A cidade de Curitiba, berço do muay thai no Brasil, continua sendo o principal centro formador de talentos do boxe tailandês do país. Há duas semanas, na capital do Rio de Janeiro, a delegação paranaense foi o destaque do Campeonato Brasileiro de Muay Thai Grand Prix, o maior evento da modalidade já realizado na América do Sul, que contou com participação de 55 atletas de 12 estados brasileiros.

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Foram 56 lutas para determinar os melhores lutadores do Brasil em nove categorias de peso, com todas as fases (eliminatória, quartas-de-final, semifinal e final) disputadas em um único dia (11 de fevereiro). Dos seis atletas que encararam a jornada de 12 horas a bordo de um ônibus e se submeteram ao calor de 41 graus que fustigava a cidade maravilhosa, quatro voltaram campeões em suas categorias e um regressou com o vice. Rafael Teixeira (na categoria até 70 quilos), Cléber Argente (até 75 quilos), Ricardo Nascimento, o Soneca (até 85 quilos), e Rafael Leite, o Perninha (acima de 90 quilos), conquistaram medalhas de ouro. Luis Sorriso, que ficou com a medalha de prata na categoria até 80 quilos, e Leonard Calizário, que competiu na categoria até 65 quilos, completaram o time paranaense.

Com as quatro medalhas de ouro e uma de prata, o grupo (formado apenas por lutadores da Academia Thai Boxe) conquistou com folga o primeiro lugar por equipes e por estado. A segunda equipe mais bem colocada foi a carioca Champions Factory, que conquistou um ouro, três pratas e um bronze. O estado do Rio de Janeiro também ficou com o vice na contagem geral, com três ouros, três pratas e um bronze. A competição foi o marco inicial para a elaboração de um novo ranking organizado pela Confederação Brasileira de Muay Thai (CBMT), que, além da definir os melhores lutadores do país, será usado como critério de seleção para participação de lutadores brasileiros em torneios internacionais.

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O resultado poderia ser ainda mais expressivo para o Paraná se mais academias do estado tivessem participado do grand prix. Segundo Osmar Dias (homônimo do senador), o Osmarzinho, instrutor de muay thai, campeão paranaense de boxe na categoria médio (até 70 quilos) e proprietário da Academia Thai Boxe, a sua academia foi sozinha porque apenas escolas filiadas à CBMT podem participar da competição. E muitas ainda não são.

Além disso, não houve tempo adequado para a divulgação do evento e para que mais atletas conseguissem dinheiro para inscrição, viagem e hospedagem, que resultaram em um gasto estimado de R$ 500 por lutador. "A própria Thai Boxe só conseguiu mandar representantes graças ao apoio de um empresário", destaca Osmarzinho.

Contudo, a participação solitária de uma única academia não impediu o sucesso do boxe tailandês curitibano, que já teve diversos campeões em outras épocas e continua mantendo a sua tradição. "Curitiba sempre foi um pedaço da Tailândia no Brasil. Para nós não tem tempo ruim. Não nos intimidamos em nenhum ringue", ressalta Osmarzinho. De acordo com Luiz Alves, presidente da CBMT e um dos pioneiros do muay thai no Rio de Janeiro, há um bom motivo para esse domínio. "Além de ser a primeira cidade a conhecer o muay thai no país, Curitiba é também onde a modalidade é mais praticada", ressalta.

Não há estimativas oficiais quanto ao número de pessoas que, por lazer, defesa pessoal, condicionamento físico, aspirações profissionais ou "terapia antiestresse" praticam o muay thai em Curitiba. Contudo, a quantidade de academias que ensinam a arte tailandesa e a profusão de competições locais, como o Storm Muay Thai (organizado pela Academia Chute Boxe) e o Torneio Estímulo de Muay Thai (realizado pela Thai Boxe), entre outros, dão a medida do amplo desenvolvimento dessa modalidade de luta na capital do Paraná.

De acordo com Osmarzinho, é justamente a experiência adquirida em eventos locais um dos "segredos" do muay thai curitibano. "Nossos atletas dificilmente se destacariam em eventos importantes sem a participação em competições que dão ao lutador uma valiosa experiência, como as que acontecem aqui. Não adianta ser um excelente atleta nos treinos e, na hora da luta, se intimidar com as luzes, câmeras e o público. Isso pode abalar psicologicamente um lutador", revela.

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