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Vídeo| Foto: RPC TV

Curitiba está prestes a se tornar a "Meca" da luta olímpica no Brasil. Figuras exponenciais de uma das mais antigas modalidades de combate corporal (a primeira a ser disputada em uma Olimpíada) não param de chegar à capital paranaense, seduzidas por projetos que aos poucos saem do papel e contam com o apoio da Universidade Federal do Paraná (UFPR), da Federação Paranaense de Lutas Associadas (Fepala) e do poder público municipal.

O repertório de atrações do novo "eldorado das lutas" é vasto. Bolsas de estudo concedidas para atletas profissionais, oportunidades de emprego em academias e a estrutura para treino de alto nível estão entre os principais apelos para a persuadir a turma da malha azul e vermelha a encarar o frio curitibano.

"São Paulo e Rio de Janeiro têm mais atletas, mas as bolsas que conseguimos para os lutadores e o nosso trabalho voltado para a base e para o alto rendimento fazem do Paraná o estado mais avançado em termos de organização da luta olímpica, o que ajuda a atrair atletas de ponta", explica Sérgio Santos, professor do departamento de Educação Física da UFPR, vice-presidente da Fepala e ex-técnico da seleção brasileira de luta olímpica (no início da década de 90).

Gradativamente, os resultados desse esforço vão aparecendo. Três lutadores classificados para os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em julho, se tornaram curitibanos "naturalizados."

"Já estou até falando ‘leite quente’ como todos aqui. Me acostumei com a cidade e não tenho motivos para sair", ressalta Marcelo Gomes, o Zulu, ex-big brother nascido em Niterói que está há pouco mais de um ano em Curitiba e representará o Brasil na categoria até 84 quilos da greco-romana (que, junto com a luta livre, constitui as duas modalidades da luta olímpica) no Rio.

Zulu – que venceu todos os campeonatos brasileiros que disputou e acumula sete títulos seguidos na sua categoria de peso – viu em Curitiba a chance de se aventurar em outro esporte muito difundido na cidade.

"Aqui encontro melhores condições de treinamento e uma Federação mais organizada. Além disso, também quero me aventurar no MMA (Mixed Martial Arts) e fazer parte do time da Chute Boxe (academia de vale-tudo), onde fui muito bem recebido", justifica o atleta que, em novembro, saiu vitorioso da sua estréia em um ringue de vale-tudo, no Círculo Militar.

Tatame e sala de aula

Ele e o goiano Fábio Cunha – campeão brasileiro e classificado para disputar o Pan entre os atletas de até 55 quilos – disputaram a seletiva para o Pan representando o Paraná.

Há dois anos na terra dos pinheirais, Cunha saiu de Goiânia em busca de oportunidades de trabalho e estudo que pudessem ser conciliadas à sua grande paixão, a luta olímpica. E conseguiu. Além de dar aulas de wrestling (como também é conhecida a lmodalidade) na Chute Boxe, o goiano estuda Educação Física na Faculdade Bom Bosco graças a uma bolsa conseguida junto à Fepala. Casado com uma curitibana, é outro que estabeleceu de vez suas raízes no Paraná. "Cheguei para ficar."

A exemplo de Cunha, há dois meses a lutadora Keila Calassa, que irá com a delegação brasileira para o Rio como atleta reserva na categoria até 72 quilos da luta livre feminina, também trocou Goiânia por Curitiba. Além de um mestrado na UFPR – que possui em seu Departamento de Educação Física uma das poucas áreas oficiais de luta olímpica no Brasil –, ela também veio atrás das instruções do cubano Alejo José Morales, atual treinador de greco-romana da seleção brasileira que também está morando em Curitiba.

A vinda de Morales foi motivada por um estratégia esportiva conhecida. "A ginástica brasileira teve um salto de qualidade após a chegada de técnicos estrangeiros. Pretendemos fazer o mesmo com a luta por meio dessa aproximação com os cubanos, que estão entre os melhores do mundo nesse esporte."

Morales, que testemunhou o surgimento do wrestling em Cuba ao fazer parte da primeira equipe de lutadores cubanos de greco-romana, em 1969, já formou campeões olímpicos e mundiais na sua terra natal, o que lhe rende muito cartaz entre os brasileiros.

"Já morei nos Estados Unidos e em Portugal e não conheci ninguém como ele", admite Zulu, sem esconder a reverência pelo treinador. E não é só ele. "A seleção brasileira deve comparecer em peso em Curitiba na próxima semana para vir treinar com o Morales", garante.

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