Pode parecer um sacrilégio geográfico. Mas Dakar capital do Senegal veio parar na América do Sul. Pelo menos de amanhã até o dia 17, no nome do maior rali do mundo. Cancelada momentos antes da largada no ano passado, por falta de segurança nos caminhos da Mauritânia, a tradicional competição Europa-África foi trazida para as "tranquilas" paisagens argentinas e chilenas.
Tranquilas apenas por não haver qualquer ameaça terrorista. Mas nada fáceis para quem largará nesta sexta-feira de Buenos Aires, a partir das 5 horas da manhã, a bordo de um dos 183 carros, 84 caminhões, 226 motos e 28 quadriciclos entre os quais, o número recorde de 19 brasileiros inscritos (ver quadro acima). A maioria sem saber exatamente o que esperar dos 9.574 quilômetros que virão pela frente.
A variedade de paisagens e terrenos é a marca do Dakar 2009. Consequentemente, polivalência será a chave para conseguir um bom resultado, aplicando diversas técnicas de pilotagem. Seja nos imensos campos da Pampa, na pedregosa Patagônia, na subida dos Andes com trechos chegando perto dos 5 mil metros de altitude , na margem do Pacífico ou nas dunas do Atacama. Isso tudo em pleno verão no hemisfério sul.
"Será um rali duro. Na Argentina, teremos mais caminhos de terra até chegar perto dos Andes, onde começa a pedreira. Já no Chile, encontraremos muita areia no Atacama. Creio que será a parte mais difícil, inclusive superando a Mauritânia, que sempre foi o local africano com mais desafios. Apesar de serem poucos dias no deserto, serão etapas intensas com dunas muito altas", descreve Jean Azevedo.
Os demais brasileiros concordam. "As dunas do Atacama são conhecidas como as mais altas do mundo, maiores até que as do Saara", diz Paulo Pichini. "A expectativa é de 45°C fora do carro e dentro, com os uniformes, deve chegar a 60°C", conta Guilherme Spinelli.
Outro caminho aguardado com ansiedade é a passagem pelo Andes, que promete belas paisagens, mas também trará os transtornos da altitude. "O pouco oxigênio afeta os motores. Se a regulagem não for adequada, eles podem superaquecer", afirma André Azevedo. "Fiz um treino físico lá e senti dores de cabeça", acrescenta o navegador Marcelo Vivolo.
André ainda lembra de um problema extra: os torcedores. "Quando passamos por Portugal, em 2007, o público bloqueava o caminho para os estrangeiros para beneficiar os portugueses. Isso aumentava o risco de atropelamentos", lembra. Sede de uma das etapas do Mundial de Rally, a região de Cordoba chega a ter cerca de 1 milhão de pessoas à margem do caminho durante o fim de semana do evento, muitos sem dar bola para a sinalização dos locais perigosos.
Se os fãs estão eufóricos, quem não gostou nada da visita foram os arqueólogos locais. "Será uma avalanche de metais, fumaça e estrondo de motores. Os prejuízos ambientais afetarão toda a Argentina, que é uma grande reserva de 10 mil anos atrás", diz um trecho da nota publicada pela Associação de Arqueólogos Profissionais da Argentina. Prontamente, o governo respondeu que a empresa organizadora da prova, Amaury Sports Organization (ASO), apresentou previamente um estudo de riscos ambientais.
De qualquer maneira, o rali está garantido na região até 2011. No ano que vem, dependendo de patrocínio, pode até dar uma esticadinha no Brasil. Nada tão difícil para quem já trouxe Dakar para o outro lado do Atlântico.
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