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São Paulo (Folhapress) – Abalado com a morte de duas crianças atropeladas em dois dias, o Rally Dakar chegou ao final ontem com o cronômetro desligado pela primeira vez em sua história.

Ao contrário do ano passado, quando a competição fez cinco vítimas, a organização decidiu invalidar os tempos da última etapa, disputada na capital senegalesa. Tímidos, os vencedores evitaram comemorações após a linha de chegada que determinou o encerramento de uma arriscada odisséia de 9.043 km e 16 dias.

O francês Luc Alphand, campeão mundial de esqui em 1997, ganhou a disputa entre os carros ao volante de um Mitsubishi. Nas motos, venceu o espanhol Marc Coma, da KTM. Ambos faturaram a prova pela primeira vez. O russo Vladimir Tchaguine, da Kamaz, venceu entre os caminhões pela quinta vez. Tchaguine liderou durante todos os 14 trechos cronometrados do rali.

Apenas dois brasileiros terminaram o Dacar: André Azevedo, quarto nos caminhões, e Bernardo Bonjean, 92.º nas motos.

A segurança era prioridade na edição deste ano antes mesmo do início, com as motos tendo velocidade limitada em 160 km/h. As mudanças não foram suficientes para evitar a morte do único piloto vitimado em 2006, o australiano Andy Caldecott, 41 anos, lembrado ontem pelo vencedor Coma, seu ex-companheiro de equipe: "Dedico o resultado a ele".

As duas outras tragédias que ofuscaram o Dacar ocorreram na sexta e sábado, quando dois garotos foram atropelados, na Guiné e no Senegal. Na sexta, Boubacar Diallo, 10, foi atingido pelo carro de Maris Saukans, da Letônia. Ontem, Mohamed Ndaw, 12, não resistiu aos ferimentos após colidir com um caminhão de serviço.

O Dakar é a competição automobilística que mais mata. Contando pilotos, organizadores, assistentes e torcedores, são 51 vitímas em 28 edições – média de 1,8 por ano. A F-1, por exemplo, teve 61 mortes em finais de semana de GP em 56 Mundiais.

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