O presidente do Paraná, Aquilino Romani, havia estipulado para ontem o acerto de contas com os atletas na sede da Avenida Kennedy, seriam pagos os três meses de salários atrasados, o 13.º e as férias. Com a promessa, praticamente todos os jogadores foram ao clube. Porém passaram o dia na antessala da presidência e, ao fim da tarde, foram embora de mãos vazias.
O único dirigente presente na Kennedy foi o diretor de futebol Paulo César Silva. Romani não apareceu. Apesar disso, partiram dele duas novas propostas para saldar a dívida de cerca de R$ 1,5 milhão, verba que viria de um empréstimo pessoal do dirigente.
"É dinheiro de banco. Atrasou, só saiu à tarde. Está sendo encaminhado. Os jogadores foram todos juntos e isso dificultou. Amanhã [hoje] vou acertar tudo. Não é calote, o pessoal que fique tranquilo", disse Romani, em entrevista à Rádio Banda B.
Quem tem contrato longo, ouviu que serão quitados os meses de setembro e outubro até o fim da semana, com novembro permanecendo "pendurado". Para os demais, que têm ou terão seus vínculos encerrados até o fim do ano, a oferta é pagar uma determinada quantia [não revelada] até quinta-feira e parcelar o restante.
Ninguém gostou. Durante o período que esteve no local, a reportagem ouviu as mais diversas reclamações. "É uma vergonha, já nos falaram tudo. O Paraná deveria cair para a Terceira Divisão. Todo ano é a mesma lorota", disse um. "E eu acreditei", emendou outro. Teve até a seguinte sugestão, em tom de brincadeira: "Cada um pega alguma coisa da sala por garantia".
Na sala bastante ampla da Kennedy, os jogadores se acomodavam das mais diversas maneiras. Dividindo o único sofá disponível, ocupando a cadeira da secretária (quando ela deixou a sala) e, a maioria, sentados pelo chão. Duas garrafas de dois litros de refrigerante vazias repousavam no local.
Quando os fotógrafos surgiram, muitos preferiram esconder o rosto e, na saída, quase nenhum aceitou falar sobre o assunto. O capitão Luiz Henrique, um dos líderes do elenco, topou falar com a imprensa. "Vou conversar com a minha esposa e amanhã [hoje] volto aqui para ver se eles vão pagar mesmo. Vou pensar. É difícil, a gente vem sofrendo o ano inteiro dessa maneira. Mas se não for assim, vai ter que ser de outro jeito", afirmou o zagueiro, que terá seu contrato finalizado neste ano e não deve ficar na Vila Capanema.
Além do desgaste atual, os atrasos paralisaram o processo de montagem da equipe para a temporada 2011. Todos os jogadores afirmaram que não têm conversa para ficar enquanto os atrasos não forem saldados. "Não dá para falar nada. Não tem como fazer mais uma dívida. Eu gostaria de ficar, mas desse jeito fica difícil. Agora vamos ver no que vai dar", discursou o zagueiro Alessandro Lopes.
* * * * *
Interatividade
Como você vê a crise financeira vivida pelo Paraná? Dá para acreditar em uma temporada melhor em 2011 sem dianheiro?
Escreva para arquibancada@gazetadopovo.com.brAs cartas selecionadas serão publicadas na Gazeta Esportiva.
Vai piorar antes de melhorar: reforma complica sistema de impostos nos primeiros anos
“Estarrecedor”, afirma ONG anticorrupção sobre Gilmar Mendes em entrega de rodovia
Ação sobre documentos falsos dados a indígenas é engavetada e suspeitos invadem terras
Nova York e outros estados virando território canadense? Propostas de secessão expõem divisão nos EUA
Deixe sua opinião