Sexta-feira pela manhã, rachão rolando na Vila Capanema. Tarcisinho cruza para Canjica, que cabeceia forte para o gol, Ranzinza defende e sai para o jogo arriscando uma pedalada no pior estilo "baixinho da Matonense". Na reta final da movimentação, Velhinho, poupado, deixa o bate-bola e vai ao encontro da namorada Dayane na arquibancada.
Na antevéspera da partida mais importante de sua história, o relato incomum do treinamento para o jogo de amanhã, contra o São Paulo, dá bem a medida do ambiente tranqüilo e animado que cerca o Paraná. Tão descontraído que permitiu até a revelação dos apelidos de praticamente todos os atletas do elenco, sem que, por conta disso, alguma rusga viesse à tona.
Dessa forma, é possível escalar o provável time para o jogo de amanhã com Ranzinza (Flávio); Smeagle (Peter), Sargento Pincel (Edmílson), Presuntinho (João Paulo) e Velhinho (Eltinho); Pipi (Pierre), Tio Paulinho (Batista), Presidente (Beto) e Marchetti (Sandro); Cavalo (Leonardo) e Tiririca (Cristiano), sob as orientações do técnico Tarcisinho (Caio Júnior). E alguns dos componentes do banco de reservas, para ser justo, devem ser: Pelúcia (Marcos Leandro), Canjica (Gérson), Mabel (Joélson) e Seu Boneco (Henrique).
"A liberdade que a gente tem entre os jogadores tem influenciado o nosso desempenho em campo, que nos deixou próximos de alcançar um objetivo importante. Todo mundo leva numa boa as brincadeiras, pois sabemos o momento certo", declara o Cavalo, ou melhor Leonardo, um dos "titulares do ritmo" no Tricolor, responsável pelo cavaquinho na roda de samba que conta também com Zumbi, Sandro, Henrique e outros.
A turma da batucada convive numa boa com os evangélicos no Paraná, que convivem em paz com a comissão técnica, que tem um relacionamento franco com a diretoria. E todos, respeitando os limites de cada um, formam o chamado "grupo unido", tão valorizado dentro do futebol.
"Geralmente nós brincamos muito na concentração e no ônibus", revela o lateral-direito Peter.
Bem, nem todos os limites, já que a paciência do assessor de imprensa Greysson Assunção, o Juvenil, costumeiramente é colocada à prova. Sempre que entra no vestiário após os jogos, ele involuntariamente acaba tomando banho, ou, pelo menos, recebe boas doses de xampu na cabeça.
Mas tudo sob os olhares atentos de Caio Júnior. "Como jogador, mesmo sendo um cara voltado para a liderança, sempre fui de brincar muito, criar apelidos, mas sempre com a brincadeira sadia, sem ser maldoso e passar dos limites. Acho apelido divertido, não sei se tem para mim....", comenta o treinador, antes de ser informado pela reportagem que era o Tarcisinho, por conta da forma sempre impecável de se vestir. "É mesmo? Não ligo, enquanto não for traíra, tudo bem".