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O técnico Guilherme Macuglia comandou treino ontem na Vila logo após a torcida tentar intimidar o time: jogadores garantem que fatores extracampo não vão atrapalhar no duelo com o Bragantino | Albari Rosa/Gazeta do Povo
O técnico Guilherme Macuglia comandou treino ontem na Vila logo após a torcida tentar intimidar o time: jogadores garantem que fatores extracampo não vão atrapalhar no duelo com o Bragantino| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Torcedores tentam intimidar atletas na Vila Capanema

Poucas horas após o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decretar o rebaixamento do Paraná para a Segunda Divi­­são estadual, um grupo de torcedores invadiu o treino da equipe realizado na tarde de ontem, na Vila Capane­­ma.

Cerca de 15 membros da torcida organizada Fúria Indepen­dente entraram pelo portão da curva norte do estádio e pressionaram o elenco para conquistar a vitória diante do Bragantino, sábado, o que evitaria a queda do Tri­­color para a Série C nacional. Do lado de fora, aproximadamente cem integrantes da facção esperavam os que haviam entrado no estádio.

Por volta das 16 horas, os torcedores forçaram a porta do vestiário da equipe. Ao tentar im­­pedi-los, o segurança do clube caiu, mas não chegou a se ma­­chucar. Quando foram em direção aos jogadores, o vice-presidente de futebol, Paulo César Silva, interveio e começou a discutir com o grupo. A Polícia Militar, que fa­­zia um treinamento de rotina ao lado do Du­­rival Britto, viu a movimentação estranha no estádio e foi até lá dispersar o grupo.

"Eles tentaram ameaçar os jogadores e eu disse que não é por aí. Já temos os nomes dos líderes e vamos registrar queixa na polícia", disse Silva.

O segurança do clube, Ander­­son Daniel, nunca havia visto um protesto tão acintoso no local. "Eles vieram para cima de mim e, se eu tentasse algo, seria suicídio. Já tinha visto alguns protestos de torcedores aqui no Paraná, mas nunca um que tenha chegado a este ponto, que precisou vir a polícia", contou.

Leonardo Bonassoli

Derrota no tapetão

Rebaixado no campo, Paraná apostou na suposta escalação irregular de atleta do Rio Branco para ficar na elite.

O início

O Rio Branco contratou o jogador Adriano de Oliveira Santos, do Guarulhos, e pediu a transferência, mas a Federação Paulista não achou o registro – encontrou um nome similar na Federação Capixaba. Se tratava, contudo, de outro jogador, Adriano Oliveira dos Santos. A transferência foi paga e o registro na Federação Paranaense efetuado em nome do atleta errado.

A trajetória

Com esse registro, o jogador atuou em seis partidas e o Rio Branco foi denunciado no artigo 214 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (incluir atleta em situação irregular), com previsão de perda de pontos dos jogos equivalentes e multa. Poderia perder até 22 pontos.

Primeira decisão

Em 5/4, o Rio Branco foi julgado pelo TJD-PR e punido com multa de R$ 27 mil.

Segunda decisão

No dia 2/5, o clube foi absolvido em segunda instância no TJD, livrando-se da multa e do rebaixamento.

Terceira decisão

Em 26/9, o Pleno do colegiado decidiu rever a pena e puniu o Rio Branco com a perda de 22 pontos, beneficiando o Paraná.

Absolvição

O Rio Branco recorreu ao STJD, que ontem o absolveu, confirmando o rebaixamento do Paraná.

A confirmação do rebaixamento do Paraná no Estadual já se refletiu nos vestiários da Vila Capa­nema. Parte do elenco, desmotivada com a falta de calendário no primeiro semestre, anunciou que não quer seguir no clube em 2012. Os atrasos salariais também voltaram à tona. Tudo às vésperas de o time decidir sua permanência na Série B nacional, sábado (26), contra o Bragantino.

Ao mesmo tempo em que os dirigentes exigem concentração e determinação nos treinamentos, os jogadores reclamam de dois meses de salários atrasados. "Ti­­vemos uma reunião com o Paulão [Paulo César Silva, vice-presidente de futebol] na segunda-feira e ele ficou de acertar uma parte até sexta. Vamos esperar", afirmou o lateral-direito Mar­quinho.

A instabilidade financeira, ali­ada à falta de perspectiva, fez com que grande parte dos jogadores manifestasse a intenção de deixar o Paraná. A explicação dos atletas: ninguém quer ficar quatro meses parado.

"Vou ficar fazendo o quê no clube se o time não tiver campeonato para disputar?", indagou o artilheiro do time na Série B, Giancarlo. Preocupação compartilhada pelo meia Dinélson. "É óbvio que nenhum jogador vai querer ficar no clube sem ter o que jogar. Fica difícil mesmo", emendou, resignado.

A debandada de jogadores de­­ve ser geral. Com poucos atletas com contrato válido para 2012 e administrando um orçamento ainda mais enxuto, a reformulação será total. A permanência do técnico Guilherme Macuglia também está ameaçada.

Mesmo quem já assinou a prorrogação do vínculo deve ter o contrato revisto. É o caso do meia Cam­­bará, que na semana passada firmou um novo acordo com validade de três anos. Ele disse ontem que vai se reunir com a diretoria e o seu empresário, Mar­cos Amaral, para decidir o futuro. "Ficar sem jogar eu não quero. Não é viável nem para mim e nem para o Paraná. Eu estava focado aqui, mas não imaginava essa reviravolta", comentou.

Além do vácuo no calendário, a agenda de partidas será bem pouco atrativa. Na Segundona do Paranaense, o Tricolor vai enfrentar adversários fracos tecnicamente e terá de se acostumar com longas viagens. A cidade mais próxima é Prudentópolis, a 208 quilômetros de Curitiba.

Fatores combinados que au­­mentaram consideravelmente a pressão para que os boleiros evitem um segundo rebaixamento, desta vez em nível nacional, na mesma semana. Os jogadores reconhecem que irão enfrentar um clima de tensão na partida de sábado. A confiança em livrar o time da degola, porém, é discurso geral no grupo. "A maioria do elenco não participou do rebaixamento no Paranaense. Nossa responsabilidade é relativa so­­mente a este Brasileiro. É para manter o time na Série B que vamos entrar em campo no sábado", garantiu Dinélson.

Marquinho é outro a assegurar que os problemas extracampo não vão interferir no desempenho dos atletas ante o Bragantino. "Ninguém quer sair com o currículo manchado. Independen­­temente da parte salarial, temos a obrigação de vencer", cravou.

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