Furacão não consegue furar dura marcação flamenguista
Nem Atlético, nem Flamengo fizeram algo a mais para merecer um resultado melhor do que o empate em 0 a 0 ontem na Arena. A marcação cerrada e um excesso de faltas foram a tônica da partida entre os rubro-negros.
Atlético chega à terceira partida seguida sem balançar as redes
Três jogos e nenhuma bola na rede. Nada de gol contra Náutico (3 a 0), Botafogo (0 a 0) e Flamengo (0 a 0). O desempenho do ataque atleticano já começa a preocupar. Ainda mais que Alex Mineiro, contratado para resolver a carência do time, passa por um jejum bem maior: são sete partidas sem correr para os braços dos fãs. Ou seja, desde que trocou o Grêmio pelo Atlético, em julho, o atacante não sabe o que é comemorar.
O Estádio Joaquim Américo Guimarães merecia um presente bem mais vistoso no seu aniversário de 95 anos. A velha edificação, erguida no século passado pelo Internacional (um dos clubes embrionários do Atlético), já abrigou partidas bem mais emocionantes do que insosso 0 a 0 de ontem entre os donos da casa e o Flamengo.
Se dentro de campo o futebol se arrastava, os bastidores deram um jeito de chamar a atenção para o confronto. Em um lance aparentemente despretensioso, em que o assistente gaúcho Altemir Hausmann, integrante do quadro da Fifa, assinalou tiro de meta em vez de escanteio, o técnico Antônio Lopes explodiu. Indignado com o que classificou como uma "série de equívocos" do bandeirinha, Lopes, da área técnica, acompanhou o auxiliar, encarando-o e balançando a cabeça ironicamente.
Hausmann esperou o primeiro tempo acabar para reclamar com o árbitro principal, o conterrâneo Leandro Pedro Vuaden que, de imediato, expulsou o treinador atleticano Lopes teria sido avisado, ainda no vestiário, de que não poderia voltar ao banco de reservas. Mesmo assim, o Delgado decidiu retornar. Era a senha para o início da confusão.
O técnico entrou em campo para tirar satisfação com o trio de apitadores. Ao fundo, gritos de "Ah, é Delegado!" completavam o cenário de confusão. Logo policiais e repórteres fecharam o cerco, em que Lopes, relembrando os bons tempo de chefe de delegacia, bradava contra o bandeirinha. "Você é um indigno, não tem caráter. É um frouxo", gritava o treinador.
Teve mais. O Delegado ordenou aos PMs que prendessem Hausmann. "Eu fui agredido", dizia. "Ele passou correndo e meu deu um cutucão, que deve ter sido de propósito. Falei que iria fazer o Boletim de Ocorrência (BO) para que seja punido não só na esfera criminal, mas também na administrativa, na do futebol", emendou.
Da cabine da Rádio CBN, onde comentava o jogo, o advogado do clube, Domingos Moro, louvava a iniciativa de registrar a suposta agressão no distrito policial. "Isso vai agravar a situação do Lopes (em um provável julgamento no Superior Tribunal de Justiça Desportiva), mas nós vamos resolvê-la", antecipava.
No fim da partida, o treinador voltou a falar mal dos árbitros. "A expulsão foi injusta. Posso acabar deixando de trabalhar um tempo e prejudicando a equipe do Atlético. Tudo porque ele (Hausmann) não estava atento, marcando errado."
Sobre os 90 e poucos minutos de bola rolando, poucas palavras. "O Atlético merecia vencer, foi muito mais time. Só faltou o gol", resumiu ele.
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Craque - Nei
Usar a palavra craque para a atuação de Nei é um exagero, mas ele foi o jogador mais regular em campo.
Bonde - Willians
Foi infantil na expulsão e comprometeu as poucas possibilidades de o Flamengo vencer a partida.
Guerreiro - Márcio Azevedo
Valente, correu muito e tentou levar o Atlético ao ataque por várias vezes, além de matar a jogada carioca com Léo Moura.
Chaves do Jogo
Fora de ritmo
Alex Mineiro teve boa oportunidade de mudar a história do jogo logo no início, mas, ainda longe de ser o Alex Furacão, parou em Bruno na cara do gol.
Comportamento Juvenil
Pode um jogador que sofreu a falta ser expulso? Willians mostrou que pode, ao acertar uma cotovelada em Márcio Azevedo e levar o vermelho. Restou ao Fla se defender.
Velho guerreiro
Nei é o principal símbolo da raça rubro-negra no atual elenco atleticano. E provou isso ao recuperar uma bola perigosa de Bruno Mezenga já no fim do jogo, evitando o desastre.
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