| Foto: Divulgação/UFC

Entrevista com Maurício Shogun, lutador de artes marciais mistas (MMA).

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Um curitibano foi protagonista da maior polêmica dos últimos tempos no mundo das lutas, sá­­ba­­do passado, em Los An­­geles, nos Estados Unidos. Foi lá que aconteceu o Ultimate Fighting Championship (UFC) 104 e era do Staples Center que Maurício Sho­gun esperava sair com a maior vi­­­­tória do seu cartel de 22 combates, que lhe da­­ria o cinturão dos meio-pesados (até 93 kg). Deixou o ginásio de mãos vazias e com o re­­vés mais sofrido da vida. Aos olhos de lutadores, fãs e do presidente do evento, Dana White, ele venceu. Para os três juízes, perdeu.

Nelson Hamilton, Cecil Peo­­ples e Marcos Rosales acompanharam os cinco rounds da luta entre Shogun e o atual campeão da categoria, o paraense Lyoto Machida, e consideraram o dono do título superior ao curitibano. A decisão trouxe grande polêmica ao mundo das lutas sobre os critérios que realmente são relevantes e o que forja de fato um campeão. Já de volta a Curitiba, o lutador da Univer­­sidade da Luta (UDL) aceitou conversar com exclusividade com a Gazeta do Povo e explicar o momento que vive, a sua estratégia contra Ma­­chida e a decisão dos juízes.

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Você aproveitou a viagem de vol­­ta para pensar sobre o que aconteceu no UFC 104?

Fiquei triste pelo resultado, mas fe­­liz com a repercussão. Eu treinei duro e, a cada round, o pessoal no meu corner me avisava para ficar tranquilo, já que eu estava ganhando e não iria me expor na luta. Quando acabou, conversei com o Dana White (presidente do UFC), com o Rickson Gracie (ex-lu­­tador de vale-tudo), enfim, com todo mundo e todos disseram que eu venci, menos os três juí­­zes. Não ouvi ninguém falar o contrário, preferiram dar a vitória para o Lyoto. É ruim você perder uma batalha dessas por interesses dos outros.

Que tipo de interesses seriam esses?

Olha, prefiro não falar nada para não me comprometer.

A revanche já está fechada diante de toda essa polêmica?

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Já aceitei. Na hora lá eu aceitei. Agora vai depender do Lyoto e do UFC. O Dana viu a minha vitória, agora vamos lutar novamente e eu estou com a consciência tranquila de que venci. A minha equipe está de parabéns, neutralizamos o jogo difícil do Lyoto, agora é esperar esta nova batalha.

Um dos juízes (Cecil Peoples) já se pronunciou e disse que você não foi eficiente e agressivo o bastante para vencer. Ele questionou os seus golpes na luta. O que pensa sobre isso?

É só você olhar a minha cara e a dele. Eu não levei um chute, só entraram algumas joelhadas, mas ele está com uma costela quebrada, nem consegue an­­dar, com ponto na boca. Lá nos Es­­tados Unidos fizeram alguns pa­­râmetros da luta e eu dei mais do que o dobro de golpes. Vai me di­­zer que não viram? Agora vão fa­­lar o que puderem para justificar o resultado. Fico chateado pelo meu cartel (18 vitórias e quatro derrotas), prezo muito por isso.

Acha que poderia ter sido mais agressivo, buscado o nocaute?

Se eu buscasse mais a luta, poderia entrar no jogo que ele queria, iria correr riscos que seriam desnecessários. A tática que usei foi a correta, provavelmente na próxima luta farei a mesma coisa. Com a minha equipe dizendo que eu estava ganhando, por que me arriscar?

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Como você vê o Lyoto Machida nesta história toda?

Não nos encontramos depois da luta, mas ele é um cara que eu gosto e respeito. Ele não tem culpa do que aconteceu, a culpa é dos juízes, só eles viram daquela forma. Não culpo o Lyoto por nada, poderia ter sido ao contrário.

Apesar de a maioria dos atletas e fãs terem visto uma vitória sua, outros concordaram e apoi­­aram a decisão dos juízes no UFC 104. Como interpreta este ou­­tro ponto de vista?

Acho que muita gente gosta de falar em determinados meios de comunicação, nem dá para acreditar. Tem uma manipulação que nos deixa com a sensação de não ter apoio mesmo. São as mesmas pessoas que falaram que eu venci o (ex-campeão do UFC) Chuck Liddell quando ele já estava decadente e velho. Uns meses antes ele fez uma grande luta com o Wanderlei (Silva) e era mui­­to bom, aí quando eu o venço por nocaute o cara é velho? Tem gente que só vê o que quer, pelos seus próprios interesses. Vejo até algumas coisas antiéticas mesmo, por isso estou até evitando falar muito (sobre a luta) por en­­quanto.

Alguma expectativa para a re­­­vanche com o Lyoto?

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O Dana já me passou alguma coisa, mas não posso divulgar nada. É preciso o Lyoto aceitar de fato a luta, e isso ainda não aconteceu. Nota da Redação: A expectativa é de que a lu­­ta aconteça no primeiro se­­mestre de 2010.