Atrasado, improvisado e sem planejamento. Essas foram algumas palavras usadas pelo deputado federal Sílvio Torres (PSDB-SP) para fazer referência à organização da Copa do Mundo de 2014 pelo Brasil. Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados e da subcomissão do Mundial, Torres esteve ontem em Curitiba, a convite da Câmara de Vereadores, para falar sobre o sistema de fiscalização dos gastos envolvendo o torneio da Fifa.
A análise do tucano não é animadora. De acordo com ele, se o governo federal não elaborar um plano de ação, pode acabar repetindo o "mal-sucedido exemplo dos Jogos Pan-Americanos do Rio".
"Hoje não há planejamento, ninguém sabe de onde vem o dinheiro nem com qual ministério falar. O orçamento da União prevê muito pouco para investimento", disse o parlamentar, da base de oposição ao presidente Lula, freando o oba-oba que tomou conta das cidades-sede, todas com ideias de mais e recursos de menos para tirá-los do papel.
O projeto de infraestrutura de Curitiba, por exemplo, seria de R$ 4 bilhões metade para o primeiro ramal do metrô, ligando a CIC à região central. "Estamos percorrendo a mesma trilha do Pan, quando o governo teve de socorrer o Rio e o controle foi atropelado", emendou.
Para tentar conter a sangria de recursos, Torres idealizou uma rede de fiscalização que contará com a participação do Tribunal de Contas da União (TCU), dos Tribunais de Contas de estados e municípios, além das comissões da Câmara e do Senado. "Divulgaremos todas as informações por meio de um portal na internet (a ser criado) para que a população esteja atenta, evitando um prejuízo maior para o país", discursou. "Precisamos ter a responsabilidade de realizar um evento dentro das nossas limitações", acrescentou ele, que passou recentemente pela Alemanha para pegar detalhes sobre organização do Mundial de 2006. No mês que vem, embarca para a África do Sul com o mesmo propósito.
O deputado também falou sobre a intenção do Atlético de se unir a Internacional e São Paulo para pleitar uma versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) voltado especificamente para os três estádios particulares. "Isso não é permitido", ressaltou, deixando no ar, na sequência, uma alternativa. "Mas como ano que vem é ano eleitoral...". Segundo o cronograma da Fifa, as obras nas praças esportivas têm de começar em março de 2010.
Consciente da dificuldade, o Rubro-Negro já articula nos bastidores um plano B. A solução, contudo, dependeria da substituição de Roberto Requião por Orlando Pessuti na administração estadual. Requião estuda se descompatibilizar em abril para concorrer a uma cadeira no senado.
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