É comum no Brasileiro por pontos corridos. Chega o momento decisivo, um comportamento bizarro vem à tona: torcedores vibrando com a derrota do clube do coração. Na rodada anterior, são-paulinos comemoraram a goleada sofrida para o Fluminense. Hoje, palmeirenses anseiam por um revés frente ao mesmo Tricolor carioca. Tudo para prejudicar o rival Corinthians na corrida pelo título.
Fenômeno estranho, que valeu menção até do presidente da República. "Nunca vi torcida bater palma para gol do adversário", declarou Luiz Inácio Lula da Silva, corintiano fanático. E que, em um passado recente, atingiu em cheio Atlético e Coritiba.
Em 1996, os rubro-negros saudaram a vitória do Criciúma (2 a 1), em plena Baixada. Oito anos mais tarde, em 2004, foi a vez de coxas-brancas celebrarem o sucesso do Santos, (1 a 0) no Couto Pereira.
Como não poderia deixar de ser, traições com segundas intenções, claro e não compartilhada por todos, para ficar bem claro.
Posição que, anos depois, causa certo constrangimento aos torcedores. Tanto que hoje ninguém gosta de admitir já ter engrossado o lado adversário. Nem mesmo com a justificativa da intensa rivalidade e do "calor da ocasião".
"Eu não concordo com isso. Você tem de torcer para o seu time. Não para o outro perder. Nós profissionais não podemos aceitar. Lembro que tentamos ganhar, mas não deu. Foi muito estranho ver o torcedor feliz", relembra Evaristo de Macedo, técnico do Furacão em 1996, já aposentado da bola.
No Joaquim Américo, o revés livrava o Criciúma e rebaixava o Fluminense em um campeonato que ainda não era por pontos corridos. Três jogos antes, atletas e torcedores cariocas envolveram-se em uma briga generalizada com os atleticanos nas Laranjeiras. O episódio mandou para a UTI o goleiro e ídolo da galera rubro-negra Ricardo Pinto, atingido por uma barra de ferro.
Quem levou a melhor foi o time do técnico Sérgio Cosme que encerrou o dia comemorando a permanência na elite com a torcida da casa no alambrado. "Foi realmente curioso ver o torcedor aplaudindo nosso time no final", declara o agora dirigente do Vila Nova-GO.
No Alto da Glória, o confronto era importante na briga pelo título nacional, disputado cabeça a cabeça pelo Santos e o Furacão. "Foi terrível, eu lembro bem. Fiquei totalmente constrangido. Quem faz esse tipo de coisa, perde o direito de cobrar o jogador", relembra o volante Reginaldo Nascimento, em campo pelo Alviverde naquela partida.
"Nunca aconteceu comigo. Eu acho que ver o seu torcedor indo contra cria um clima ruim. Mas é algo normal no futebol. As pessoas não dizem que o torcedor pode fazer o que quiser?", recorda o meia Ricardinho, atualmente no Atlético-MG. Ele atuou pelos santistas na partida do Alto da Glória.
Antes daquele duelo, a Gazeta do Povo e o instituto Paraná Pesquisas promoveram uma enquete com os fãs do Coxa: 51% queriam a vitória; 48% a derrota; 1% não opinou. Ao final da partida, o goleiro Fernando, atualmente no Vasco, desabafou: "É triste ver que a torcida está mais preocupada com o adversário". Na época, a arquibancada também ecoava protestos contra o então comandante Antônio Lopes.
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