Manifestações racistas dirigidas a jogadores de futebol, que se tornaram frequentes em torneios na Europa, propagam-se também no continente sul-americano. Casos que antes pareciam esporádicos e isolados passaram a se repetir em estádios brasileiros com preocupante assiduidade.

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A mais recente experiência foi sofrida pelo meia Elias, do Corinthians, durante a partida com o Danúbio, do Uruguai, pela Copa Libertadores, nessa quarta-feira (1/4).

Segundo relato de jogadores que ouviram a agressão, ela partiu do uruguaio González que teria chamado Elias de “macaco”.

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As ofensas mais notórias no ano passado partiram de alguns torcedores do Grêmio contra Aranha, goleiro do Santos, hoje no Palmeiras, durante jogo realizado em Porto Alegre. Houve outros casos, evidenciando que esse tipo de comportamento se incorporou ao repertório da violência que, lamentavelmente, se faz presente nas arenas esportivas.

Há pouco, em Roma, torcedores holandeses não só provocaram adversários como depredaram a famosa Piazza di Spagna no centro da capital italiana.

Ingleses do Chelsea impediram a entrada de um homem negro no metrô de Paris pouco antes do jogo do time inglês com o PSG. Foram identificados e respondem a processo criminal pelo ato.

Não é demais lembrar que manifestações de preconceito também se verificam em outros esportes e não se resumem à cor da pele. Ataques verbais contra atletas homossexuais já ocorreram, por exemplo, no vôlei brasileiro e em diversas modalidades no exterior.

É uma questão internacional, à qual o Brasil talvez se sentisse imune por ser um país miscigenado, com tradição de relativa tolerância étnica, em que atletas negros historicamente se destacam como protagonistas.

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Seria uma incongruência lançar ofensas racistas na terra em que Pelé é chamado de rei. A motivação dessa minoria, que vai ao estádio para agredir pessoas, oferece margem para estudos sociológicos e psicossociais, como o conflito entre torcidas.

É indispensável a aplicação da lei, pois só assim a violência e a intolerância serão derrotadas.

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, cobrou da Conmebol medidas mais duras no combate à discriminação na América do Sul.

O suíço insistiu que casos de racismo devem ser punidos com perda de pontos, e não apenas com multas ou jogos com portões fechados.

Na Libertadores passada, o Real Garcilaso, do Peru, foi multado e recebeu advertência por ofensas racistas de sua torcida contra o volante brasileiro Tinga, do Cruzeiro.

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Vamos aguardar a manifestação das autoridades sobre o episódio de González, do Danubio, no Itaquerão.

Internamente, a Constituição brasileira veta a discriminação por sexo, raça ou religião, e a legislação esportiva prevê sanções para os clubes cujos torcedores incorram nesse tipo de delito.