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Luiz Carlos Ozório, o "Professor Luizão", tem 57 anos. O grande orgulho de sua vida é ter descoberto o talento de Alexandre Pato quando o atacante do Milan não passava de um menino. "Era fim de 2001. O Alexandre devia ter uns 11 anos. Veio jogar na mi­­nha cidade e me encantei na ho­­ra", conta o treinador, famoso na região de Quedas do Iguaçu, Centro-Sul do estado, pelo olho clínico para achar jogadores bons de bola.

Luizão, porém, anda aborrecido com a família do jogador, que não teria honrado um acordo verbal. Em troca de abrir as portas do Beira-Rio para o garoto de Pato Branco, o professor pediu uma participação de 5% em uma futura negociação, valor estimado em R$ 2,7 milhões. Respon­­sável por cuidar da incipiente carreira do craque mirim, o pai do jogador, Geraldo da Silva, achou a proposta absurda. Pen­­sava em levá-lo para treinar no Paraná.

A transferência para a Vila Capanema não deu certo. Sem alternativa, passou a mão no te­­lefone e voltou a entrar em contato com Luizão. Em menos de uma semana, Pato era registrado no Inter.

A promessa vingou. Há dois anos, o Milan desembolsou 22 mi­­lhões de euros (R$ 54,3 mi­­lhões pela cotação do período) para tirá-lo do Colorado. Mas o acordo, diz Luizão, acabou es­­quecido. O professor ingressou no dia 18 de setembro com uma ação na Justiça cobrando da família Silva R$ 4,7 milhões por danos morais, materiais e lucros cessantes. Pe­­de ainda, por meio de uma tutela antecipada, R$ 20 mil mensais. O Internacional e Gil­­mar Veloz, empresário do atleta, foram incluídos no processo.

"Ambos são solidários no débito", explica Jairo Batista Pereira, advogado de Luizão. "Estou doente, com úlcera, gastrite, e não tenho como me tratar. Passo por dificuldades. Não quero explorar ninguém, só o meu 5% de direito", emenda Ozório.

A Gazeta do Povo entrou em contato com os familiares do jo­­gador. Rozeli Silva, mãe de Pato, avisou que "ninguém iria falar do assunto". Já Gilmar Ve­­loz diz desconhecer a pendência. "Nun­­ca ouvi falar dessa pessoa. E se não tem contrato, como é que faz?"

Mesma linha adotada pelo clube. "Não fomos citados. Mas a Justiça está aí para ser usada. Se ele vai receber é uma outra história", afirma Luís Paganella, vice jurídico do Inter.

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