O médico José Fernando Macedo e o empresário Ernesto Pedroso Júnior: eles vestiram a camisa para tirar o Coritiba da Série B| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Alviverdes

Volta olímpica?

O Coritiba aguarda o sim da CBF quan­­to à chegada do troféu da Série B, que deve ser definida até amanhã. A se confirmar, o clube prepara uma festa com volta olímpica, no sábado, contra o Guaratinguetá.

Parceria

O Coxa está perto de fechar uma parceria com um time do interior paulista, ainda não revelado, que irá disputar a Série A do Paulistão.

O objetivo é em­­prestar jogadores que pegariam experiência.

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Dia 6 de dezembro de 2009. O Co­­ritiba apenas empatava com o Flu­minense por 1 a 1 e já haviam se pas­sado 43 minutos do segundo tempo. A queda era iminente. Nas cadeiras do Couto Pereira, José Fer­nando Macedo, 62 anos, e Ernesto Pedroso Júnior, 63, sofriam. Reli­gioso, o primeiro então puxou uma oração; não adiantou: fim de jogo e Coxa na Série B.

A saga desses senhores naquela tarde triste não se encerrava por aí. Após a invasão de campo por vândalos, o médico Macedo, por exemplo, entrou no gramado e ajudou a socorrer os feridos. Dias depois, indignada com a situação, a dupla participou da formatação de um pacto administrativo para reerguer o clube.

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Onze meses passados, agora com o título da Segundona a ser fes­­tejado neste sábado, os dois dirigentes comemoram aliviados: "Nós nos sentimos com o dever cumprido", soltaram, em coro, mi­­nutos após receber a reportagem da Gazeta do Povo nas arquibancadas do Couto Pereira.

Eles tinham tudo para não se in­comodar com a bola. Pedroso é dono de uma companhia de seguros de abrangência nacional; Macedo é cardiologista, presidente da Associação Médica do Paraná e cotado para ser secretário de Saúde no governo Beto Richa.

Mas – ao lado de Vilson Ribeiro de Andrade, o mais visível do grupo da redenção alviverde – arriscaram seu tempo e currículos para tirar o Coxa da crise. Não se arrependem. Pelo contrário. "É paixão", diz Pedroso. "Vi­­vo o Cori­­tiba desde cinco anos de idade."

Macedo endossa o sentimento. "Fui médico campeão brasileiro. É uma doença", brinca. "O Coritiba é grande e sairia de qualquer jeito dessa", garante.

No entanto, os dirigentes – que evitaram os holofotes durante a conquista – contam as dificuldades com detalhes.

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"É um case internacional o que fizemos", argumenta Pe­­droso. "Jogamos 29 partidas fora de casa. O paranaense é autofágico, valoriza pouco isso". A punição no Su­­perior Tribunal de Justiça Despor­­tiva, deixou uma clara cicatriz: "Passaram em ci­­ma de nós como um trator".

A fórmula para combater o "sistema" está na boca de Macedo: "Di­­zem que temos aí 600 mil torcedores. Onde estão? Precisamos dos sócios". Pedroso emenda com ou­­tro problema crônico: "Ti­­me forte ganha de qualquer apito".

Discretos nas ações diretivas, eles afirmam que partilharam de todas as decisões – e não se sentiram em segundo plano. "Está vendo essa palavra aqui?", pergunta Ma­­cedo, mostrando uma folha escrita com letras maiúsculas: "NÓS". E explica: "Ninguém faz nada sozinho", arremata, negando boatos sobre crise de ciúmes na gestão do Coxa.

Os sexagenários da diretoria alviverde – apesar da condição financeira invejável – juram que não puseram nenhum centavo do bolso, trabalhando apenas com crédito e capital de giro obtido em negociações. Colocaram apenas o próprio prestígio na captação de recursos. Apesar da discrição, Pedroso banca um dos patrocínios da camisa da equipe.

Antes de a entrevista acabar, eles prometem uma revolução ainda maior no clube em 2011. "Estou com fé no próximo ano", avisa Macedo. "O grande segredo foi trabalho, fé, sorte, perseverança e carinho", fecha Pedroso.

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O dia 6 de dezembro de 2009 ficou para trás, mas ainda move os alviverdes.