A Fórmula 1 deu sinais de estar vivendo um de seus melhores momentos quando, no domingo, realizou a impressionante corrida noturna de Cingapura - mas os motivos para preocupação sempre se tornam mais evidentes sob a luz do dia.
Dinheiro é a linha de sustentação dessa modalidade esportiva bilionária. E, com a retração do crédito causando estragos na economia global, os envolvidos na categoria sabem que não podem continuar gastando como se não houvesse amanhã.
"A Fórmula 1 está em um perfeito estado de saúde. E acho que conseguiremos nos manter assim se adotarmos as medidas corretas", disse à Reuters Adam Parr, chefe da equipe Williams.
"A Fórmula 1 vem realizando um excelente trabalho de marketing quando se trata de realizar corridas em áreas importantes. Mas precisamos nos esforçar mais."
"Os custos cresceram exponencialmente nos últimos dez anos e chegou a hora de colocarmos um fim nisso", acrescentou.
Max Mosley, presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), avisou em julho que a categoria estava se "tornando insustentável". E, desde então, a situação da economia mundial deteriorou-se.
A Super Aguri, parceira da Honda, abandonou a categoria em maio, deixando a Fórmula 1 com dez equipes e nenhum candidato para substituí-la. Alguns acreditam que outras equipes podem seguir o mesmo caminho se mudanças não forem realizadas.
A Toro Rosso, controlada parcialmente pelo bilionário Dietrich Mateschitz (da empresa de bebidas energéticas Red Bull), tem verbas garantidas para 2009, mas seu futuro para além disso continua incerto.
A Red Bull Technology projeta atualmente os carros da Toro Rosso e da Red Bull Racing. No entanto, em 2010, cada uma delas terá de projetar e fabricar seus próprios veículos, um fardo pesado para a pequena equipe com sede na Itália.
"Eu pretendo me esforçar para continuar sozinho", disse no mês passado, ao jornal italiano Gazzetta dello Sport, Gerhard Berger, co-proprietário da Toro Rosso. "Eu preciso do apoio de uma fabricante de carros. Algo com que ainda não conto."
VENDAS EM QUEDA
A Red Bull usou suas duas equipes para divulgar e vender seus produtos ao passo que a Force India é bancada pelo bilionário do setor de aviação e bebidas Vijay Mallya, que diz pretender manter-se na categoria por muito tempo ainda.
A Williams, única equipe sem um fabricante de carros ou um bilionário dando-lhe apoio, afirmou na terça-feira ter registrado prejuízos de 21,4 milhões de libras (38,17 milhões de dólares) em 2007, mas ressaltou contar com verbas para continuar correndo.
Em uma modalidade esportiva cujos contratos de patrocínio costumam ser negociados por períodos de três ou algumas vezes cinco anos, e com datas diferentes de vigência a fim de não expirarem todos juntos, a Williams parece ter tudo para resistir à atual tempestade.
No entanto, equipes de montadoras que gastam muito podem ser mais vulneráveis à decisão das diretorias dessas empresas quando essas avaliarem a questão e eventualmente decidirem que já basta.
"Trata-se de uma grande quantidade de dinheiro que pode ser poupada com uma canetada", afirmou Parr.
A BMW, a Fiat (Ferrari), a Honda, a Mercedes (McLaren), a Renault e a Toyota, que controlam sozinhas ou em parceria suas equipes (algumas com orçamentos anuais de mais de 400 milhões de dólares), enfrentam um cenário de queda na venda de veículos e no preço de suas ações.
Algumas, entre as quais a Toyota, injetaram bilhões de dólares na categoria sem terem conseguido um retorno expressivo para seus investimentos. A Honda, cujos carros promovem uma mensagem de conscientização ambiental ao invés da marca de um patrocinador externo, também gastou uma alta soma com sua equipe.
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