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A história, cercada de contradições, chamou a atenção num primeiro momento devido ao aspecto pitoresco. Na sexta-feira passada, o Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce) teria encontrado dentro de uma lata enterrada no pátio da Federação Paranaense de Futebol (FPF) R$ 92 mil. O dinheiro realmente existe, e foi apresentado ontem à tarde pela Polícia Civil. A trama que desvendou mais um mistério no combalido departamento financeiro da FPF, contudo, é diferente.

Na verdade, o ex-tesoureiro da entidade, Marco Aurélio Rodrigues, preso juntamente com o ex-presidente da Federação, Onaireves Moura, desde o dia 6 de novembro acusado de estelionato, formação de quadrilha, falsidade ideológica e fraude processual, foi quem levou os policiais aos diversos maços de notas de R$ 100, R$ 50, R$ 20 e R$ 10. O dinheiro estava guardado em um fundo falso, na porta do cofre da entidade. Foram encontrados também aproximadamente R$ 5 mil em cheques.

Rodrigues revelou a existência do "esconderijo secreto" por medo de que o novo presidente da FPF, Hélio Cury, descobrisse a artimanha para enganar os credores da entidade e a denunciasse à polícia, complicando ainda mais a sua situação. Cury obteve na Justiça um mandado para assumir a Federação após comprovar que, de acordo com a Lei Pelé, Moura não poderia ter disputado a última eleição, em 2004, devido a problemas com a Justiça. "Ele ficou receoso", admitiu o advogado Vinícius Gasparini, que é o responsável também pela defesa do ex-superintendente da FPF, Laércio Polanski.

A Gazeta do Povo teve acesso ao vídeo que mostra o exato momento da operação, com Rodrigues, algemado e com um cigarro na mão, passando todas as coordenadas aos policiais de como abrir o cofre.

A origem do dinheiro, no entanto, continua nebulosa. Para o delegado chefe do Nurce, Sérgio Sirino, não resta dúvida de que o montante não foi contabilizado no registro contábil da Federação. "O objetivo era esconder. Tenho certeza que se trata de caixa 2. O dinheiro era guardado para o uso do Moura", afirmou o delegado.

"Pode ter mais dinheiro escondido por aí", complementou Sirino.

A versão de Gasparini é diferente. De acordo com o advogado, os R$ 92 mil foram devidamente registrados no caixa da FPF e seriam usados para quitar débitos fiscais. O fato de estarem escondidos era por uma questão de segurança.

"Tanto que as guias dos impostos que iríamos pagar estavam juntas. Está tudo certo", ressaltou ele, que também participou da comitiva que apreendeu a verba no cofre da Federação Paranaense de Futebol.

Na internet: assista ao vídeo da abertura do cofre no www.gazetadopovo.com.br/esportes.

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