Jogo fraco, gramado ruim, adversário no desespero (é o lanterna do Brasileiro) e o clima de fim de feira de quem não tem mais muito o que fazer na competição. Esse era o ambiente do Coritiba que perdeu, ontem, para o Ipatinga (1 a 0), no interior de Minas Gerais.
Livre do rebaixamento, longe da Libertadores e praticamente garantido na Sul-Americana, o Coxa parece não ter mais desafios no Nacional. No Vale do Aço, isso ficou claro.
No verbete do futebol, da para dizer que "os boleiros largaram" e o comportamento irritou até o técnico Dorival Júnior. No intervalo o treinador já alertava.
"Temos que querer mais, dividir com mais vontade. Se quisermos a vitória precisamos de algo a mais", avisou ele, que pelo visto não foi atendido na etapa final. "Tínhamos condições de fazer partida melhor. Foi uma apresentação muito abaixo da crítica. Parecia que o time estava desmotivado. O grupo tem de ser cobrado", comentou o diretor de futebol Homero Halila.
E não foi por falta de oportunidades de gol que o Alviverde fracassou. Por mais que tenha sido inferior ao rival durante quase todo o tempo, só Keirrison teve ao menos quatro chances claras.
Como passou em branco mais uma vez, o artilheiro completou cinco jogos sem balançar a rede e igualou sua pior marca do ano (também viveu jejum de cinco rodadas no Paranaense).
"Isso (jejum) acontece. Colocamos toda força para vencer, tentamos, mas a bola pega na trave, no goleiro e não entra. O jeito é continuar trabalhando que o gol vai sair", comenta o K9, que já marcou 16 vezes no Brasileiro.
Mas não é só o goleador que está devendo na equipe do Alto da Glória. Carlinhos Paraíba nem de longe lembra o jogador que encantou no primeiro turno. Em Ipatinga, especialmente na etapa inicial, o meio-de-campo coxa não acertou a marcação e os donos da casa já deveriam ter saído para o intervalo vencendo.
Ao contrário do que se esperava, o técnico Dorival Júnior optou por dois atacantes no início do jogo (Hugo foi o parceiro de Keirrison), mas o esquema tático pouco importou. O desempenho ruim da equipe dificilmente seria diferente em outro sistema.
"Estávamos em uma noite infeliz. Até melhoramos no segundo tempo, mas eles têm uma equipe perigosa que matou o jogo no contra-ataque", lamentou o volante Alê, referindo-se aos gols do centroavante Ferreira aos 11 e 48 do tempo final.
Agora, nem mesmo com as remotas esperanças de estar na Libertadores, resta saber se o Coritiba vai mudar de atitude para mais um jogo frente a um desesperado rival que luta contra o rebaixamento: o Náutico, domingo que vem, no Couto Pereira.
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Em Ipatinga
Ipatinga
Fernando; Léo Oliveira, Henrique e Jean; Márcio Gabriel, Júlio, Leandro Salino, Pablo Escobar (Sandro Manoel) e Rodriguinho (Luís Fernando); Ferreira e Igor (Kempes). Técnico: Enderson Moreira.
Coritiba
Vanderlei; Maurício, Rodrigo Mancha e Felipe; Marcos Tamandaré, Alê, Carlinhos Paraíba (Bilu, depois Thiago Silvy), Marlos e Ricardinho; Keirrison e Hugo (Jaílson). Técnico:Dorival Júnior.
Estádio: Ipatingão. Árbitro: Antônio Hora Filho (SE). Amarelos: Carlinhos Paraíba (C) e Márcio Gabriel (I). Gol: Ferreira (I), aos 11 e 48/2º.