A crise financeira paranista ganhou, na tarde de ontem, contornos ainda mais visíveis.
A três dias do encerramento da temporada, no jogo contra o Figueirense, em Florianópolis, o treinamento simplesmente não aconteceu. Desta vez não houve greve dos jogadores. A diretoria do clube, que estava reunida na Vila Capanema, pediu aos atletas para que aguardassem o fim do encontro antes de entrarem em campo para a atividade. Ficaram até o anoitecer trancafiados e não deram satisfação ao grupo sobre o pagamento dos quase três meses de salários atrasados.
O goleiro Juninho, um dos líderes do elenco, foi um dos muitos que chegaram a vestir o uniforme de treino. Entretanto, em vez de chuteiras, calçou chinelos mesmo. "Queríamos treinar, mas nos deixaram esperando e não avisaram mais nada", declarou, após várias idas e vindas até o vestiário, onde estava o técnico Roberto Cavalo.
Um dos últimos a ir embora, o treinador demonstrava muita vergonha pela situação. "Não sei o que falar. Teríamos essa reunião para resolver tudo, mas chegaram às 16 horas e não sei quando vão sair", disse ele, que afirmou mal saber quem poderá colocar em campo na última partida do ano. "Uns querem ir embora, outros têm contrato terminando", completou, citando dois nomes que devem ganhar oportunidade: o zagueiro Hiago e o avante Maicon.
O capitão Luiz Henrique era o que demonstrava maior indignação com o ocorrido. Com poucas palavras, descreveu a situação como "o pior momento que passou em três anos e meio dentro do Paraná". Alessandro Lopes, seu parceiro de zaga neste ano, também não poupou críticas.
"É uma situação muito chata. O time veio para treinar e foi avisado para esperar a reunião acabar. Não tem nem como pensar em renovar com o salário atrasado como está. Parece que eles nem fazem muita questão de que a gente fique", afirmou o defensor, que, apesar disso, afirmou ainda dar preferência ao Tricolor para 2011.
"Faltou planejamento, desde o jogo contra o América-RN [5 de novembro], o presidente [Aquilino Romani] falou que iria acertar as coisas", adicionou.
No início da noite, o principal dirigente paranista deixou o encontro, que também contou com a presença do presidente do Conselho Deliberativo, Benedito Barboza, do diretor de futebol Guto de Mello, do assessor Paulo César Silva e do empresário Renato Trombini, principal investidor tricolor.
Romani conversou brevemente com a imprensa e prometeu para hoje uma saída parcial para as folhas salariais atrasadas. "Está muito difícil. Amanhã [hoje] vamos dar uma solução para o problema. Quem quiser jogar [no sábado], joga", disparou.
A negociação do atacante Kelvin, apontado como a joia do clube, parece mesmo o caminho mais fácil neste fim de temporada. "Se chegar alguém com o dinheiro, leva", fechou Romani.
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Interatividade
Você acredita que o Paraná conseguirá encontrar uma solução para os problemas financeiros em 2011? Vender o Kelvin é uma saída?
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As cartas selecionadas serão publicadas na Gazeta Esportiva.
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