Eleição
Moro busca adesão para chapa
Marcio Reinecken
O aviso do presidente Jair Cirino de que será candidato a reeleição no Coritiba, mesmo após o rebaixamento do clube Brasileiro, teve como reflexo a formação de uma ala oposicionista dentro do Conselho Deliberativo do Alviverde. Em reuniões fechadas, o grupo tenta garantir ao menos 40 intenções de voto para anunciar, até terça-feira (véspera do encerramento das inscrições para o pleito), uma chapa para bater de frente com a atual gestão.
O candidato a presidente seria o conselheiro vitalício Domingos Moro, quem comandou o futebol do Coxa de janeiro de 2002 a julho de 2004. Na eleição passada o advogado foi derrotado pelo atual grupo. Por isso, ainda não aceitou o desafio.
"Não sou candidato. Só serei candidato se tiver chances reais de vencer. Sei que no conselho vitalício meu nome é bem visto, mas precisaria ter no mínimo uns 40 compromissos entre os conselheiros eleitos que, na teoria, são do atual grupo", diz Moro.
A eleição do dia 21 não é aberta a todo o quadro social isso só ocorrerá daqui a dois anos. Agora, votam os 186 conselheiros do clube. Nos últimos dias, dois coxas-brancas conhecidos demonstraram o interesse em dirigir o clube: o deputado estadual Fábio Camargo e Ernesto Pedroso, presidente da Previsul. Contudo, os dois esbarraram no estatuto do clube. Como são apenas sócios, só poderiam compor o G9. Pelas normas do clube, o Conselho Administrativo somente pode ser dirigido por alguém oriundo do Deliberativo.
O técnico Ney Franco confirmou ontem que será o comandante do Coritiba no Paranaense de 2010. "Não costumo romper meus contratos antes do final (o atual vai até o fim do Estadual) e me ofereci para continuar no cargo. O Coritiba terminou o ano arrasado. Precisa de alguém para recomeçar o trabalho", afirmou, por telefone, à Gazeta do Povo, pouco depois de chegar a Ipatinga, onde fica até o Natal, com a família.
A viagem para o interior mineiro fez o treinador faltar às duas palestras que deveria dar no Footecon, no Rio de Janeiro. Uma delas, trataria de motivação do elenco e métodos de treinamento.
O acerto pela renovação foi feito na noite de terça-feira, em reunião com o presidente do Coxa, Jair Cirino, o diretor de futebol João CarlosVialle e o coordenador de futebol Felipe Ximenes. O treinador sabe que terá de montar um novo elenco com um orçamento bastante reduzido. Se este ano a folha salarial gira em torno de R$ 1,5 milhão ao mês, em 2010 será bem menor. Uma das principais rendas do clube, as cotas de tevê são equivalentes à metade desse montante.
"Será necessário muita criatividade, estudar bem o mercado para contratar. Vamos à procura de parceiros e clubes grandes dispostos a emprestar atletas. Vou acompanhar as categorias de base, inclusive na Copa São Paulo (em janeiro), para formar o time", diz o técnico, sem apontar com quem do atual elenco pretende contar.
Os cortes nos gastos não atingiram os rendimentos de Ney Franco. "Não renegociamos meu salário e mantenho a atual comissão técnica", contou. Ele não refuta a hipótese de seguir no clube na disputa da Série B, a exemplo de técnicos como Mano Menezes (no Cortinthians) e Dorival Junior (no Vasco), que trocaram o campeonato da elite do futebol nacional pela Segundona e triunfaram.
"Não é só isso. O incentivo maior é corrigir a forma que terminamos o campeonato. Sinto-me responsável (pelo descenso). Recebi outras propostas, mas quero contribuir com o Coritiba", afirmou. Até o final do ano, suas férias serão com o telefone em mãos, contatando jogadores em que tem interesse. "Fechar os contratos fica a encargo do Vialle e do Ximenes, aí em Curitiba."
Ao contrário do que aconteceu com a diretoria do Alviverde, o técnico não recebeu ameaças ou pressão da torcida na última rodada.
"Desde domingo, segui minha vida normalmente. Ontem (segunda-feira) levei meu filho à escola. Se tivesse recebido ameças, certamente não permaneceria em Curitiba", afirmou.
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