O contador aposentado Afonso Vítor de Oliveira, 63 anos, juiz de futebol entre 1969 e 1995 (546 jogos profissionais), está satisfeito com o nível do apito paranaense. Presidente da Comissão de Arbitragem, ele parece acreditar que promoveu uma limpeza ética e moral no quadro estadual. Em pouco menos de cinco meses à frente do cargo, renovou metade da lista de juízes aptos a trabalhar no Campeonato. Pagou caro pela ousadia. Viu erros primários e ouviu algumas duras críticas. Assim mesmo, não apresenta nenhuma ponta de arrependimento. Ao contrário. Promete lançar mais novatos em 2007.

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Gazeta do Povo – Qual o balanço que o sr. faz da arbitragem até aqui?Afonso Vítor de Oliveira – O desempenho foi altamente positivo, que pese algumas ocorrências desagradáveis. Lançamos vários novatos e o resultado ficou dentro do esperado. Fica a lamentar o gol inexistente no jogo entre Nacional e Rio Branco, além do pênalti que o assistente marcou no jogo entre Paraná e Adap.

Em números, como foi essa renovação?Há 22 árbitros no quadro efetivo do Campeonato Paranaense. Destes, nove fizeram a estréia na competição durante a primeira fase (um total de 40,9%).

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E como ela ocorreu? Quais critérios?Buscamos informações com a comissão de arbitragem anterior e com pessoas que conhecem futebol. Pode ter certeza, tudo teve base científica.

Os erros aumentaram ou as pessoas estão hoje mais atentas à arbitragem?Não vejo dessa forma. Foram 106 jogos e apenas dois problemas graves. O índice de erros acabou sendo dos menores. E não podemos estragar a imagem da classe por causa desse porcentual irrisório. Como já falei, o desempenho na primeira fase foi altamente satisfatório.

Mas alguns árbitros foram duramente criticados por dirigentes?Por erros de interpretação, apenas. Pênalti ou não? Impedimento ou não? A minha análise diz respeito ao cumprimento das normas. Exijo que todos tenham o livrinho das regras em mãos e o siga. Só isso.

A busca por novatos vai continuar após o Estadual?Eu acho que até poderíamos ter arriscado mais neste ano. Mas seis estréias acabou sendo um bom número, razoável. Agora, a meta seria observar mais nomes e repetir a dose no próximo Paranaense.

Em São Paulo, criou-se um ranking para os árbitros. Isto pode acontecer aqui?A idéia é ótima, mas para os paulistas. Eles têm 500 árbitros, cinco divisões, 100 jogos por fim de semana. Nós, ao contrário, usamos 42 árbitros por rodada. Não vale a pena criar um sistema de pontuação para poucos jogos. Quem sabe um dia...

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No seu ranking subjetivo, quais os melhores árbitros do estado?Eu não me dou ao direito de gostar e nem desgostar dos árbitros. Mas veja bem: não é mistério que temos dois nomes acima da média – o Héber Roberto Lopes e o Evandro Rogério Roman – e uma turma que vem abaixo, porém todos no mesmo patamar.

Muitos apitadores vão deixar o Estadual neste momento. Como foram definidos os nomes da fase final?Não vou revelar. Quero evitar um constrangimento daqueles que eventualmente fiquem de fora (N.R: com quatro jogos no primeiro mata-mata, apenas seis árbitros foram a sorteio: Héber Roberto Lopes, Evandro Roman, Nilo Neves, Cleivaldo Bernardo, Antônio Denival de Morais e Antônio Valdir dos Santos).

Quais os jogos que o sr. assistiu que a arbitragem mereceu nota máxima?Gostei de Londrina e Adap, com o Marcos Daniel de Camargo; Paraná e Roma, com José Ricardo Stolle; Londrina x Coritiba, com Ito Rannov.